Após chegada de ajuda humanitária, cerca de 300 sírios deixam cidade sitiada onde crianças morrem de fome

Mais de 400 pessoas precisam receber tratamento urgente em Madaya

12/01/2016 - 08h37 (Atualizado em 23/02/2024 - 07h31)

Pelo menos 300 pessoas foram retiradas hoje da cidade síria de Madaya, a noroeste de Damasco, sitiada pelo Exército e pelo grupo xiita libanês Hezbolah, informou hoje (12) o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abderrahman.

Segundo Abderrahman, há mais de 400 pessoas doentes que precisam receber tratamento urgente e que aguardam para serem retiradas em breve.

A Organização das Nações Unidas (ONU) informou ontem (11) à noite que centenas pessoas deveriam ser retiradas de Madaya para não morrerem.

Um comboio de ajuda humanitária chegou na segunda-feira à cidade, que está sitiada há seis meses por forças pró-governamentais, em uma operação coordenada pelo Crescente Vermelho sírio e pela Cruz Vermelha.

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Relatos sobre casos de sírios passando fome em Madaya provocaram clamor internacional e obrigaram o regime sírio a autorizar o acesso à localidade.

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Durante uma visista a um hospital em Madaya, os volunários de agências humanitárias encontraram 400 sírios passando fome, com desnutrição e outros problemas de saúde, disse o chefe para Assuntos Humanitários das Nações Unidas, Stephen O’Brien, após reunião do Conselho de Segurança, confirmando a urgência de retirar cerca de 400 sírios que correm perigo de vida.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) relatou que pelo menos 28 pessoas morreram de fome em Madaya, desde 1º de dezembro.

Segundo O'Brien, além de garantias por parte do Governo sírio para que o local possa ser evacuado em segurança — seja por terra ou por ar — são necessárias também garantias das “outras partes” envolvidas no conflito.

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A cidade síria de Madaya está cercada por forças leais ao governo do ditador Bashar al Assad desde julho do ano passado, e não recebeu ajuda humanitária pelo menos desde o dia 18 de outubro

Para piorar ainda mais a situação, o comboio da ONU que chegou a Madaya em outubro do ano passado carregava centenas de caixas de biscoitos energéticos "mofados" e vencidos, causando intoxicação alimentar generalizada, segundo informou a Reuters

"O que se vê em Madaya são esqueletos ambulantes", afirmou um morador da cidade à Anistia Internacional

A estratégia das forças governistas não é novidade na guerra civil da síria, que já dura mais de 5 anos e deixou pelo menos 260 mil mortos no país

Tanto governistas quanto rebeldes têm cercado cidades dominadas por seus inimigos e feito as populações civis do local sofrer em uma tentativa de influenciar os rumos da guerra e fazer o outro lado recuar na região

Segundo um relatório divulgado pela ONG Anistia Internacional, mais de vinte pessoas morreram de fome desde dezembro em Madaya

Apenas no domingo (10), foram registradas cinco mortes na cidade: um menino de 9 anos de idade e quatro adultos com mais de 45 anos, segundo informou o Médicos Sem Fronteiras

Por conta do bloqueio e com a chegada do inverno na
região, a população de Madaya tenta sobreviver à base de grama, folhas fervidas
na água quente, segundo informou a Anistia Internacional

Animais domésticos, como cães e gatos, também viraram fonte de alimentação para a população cercada pelas forças leais ao ditador Bashar al Assad

Já os poucos alimentos tradicionais disponíveis em Mafaya são vendidos por pequenas fortunas. Segundo a rede CNN, um litro de leite custa 283 vezes mais em Madaya do que na capital da Síria, Damasco

Diversos vídeos publicados na internet mostram crianças esqueléticas dizendo que não se alimentam há dias. Este menino afirma estar há mais de uma semana sem comer

A fuga da cidade é uma alternativa arriscada para a população de Madaya. Cercada pelas forças leais ao ditados al Assad, o local está rodeado de minas terrestres e atiradores, ainda segundo informações da Anistia Internacional

Após a divulgação das imagens dos sírios "mortos de fome" em Madaya, pessoas de todo o mundo foram às ruas e às redes sociais para manifestar sua indignação com a situação na cidade

No entanto, a divulgação da tragédia humanitária em Madaya
não chocou os sírios apoiadores do regime Al Assad. Na internet, eles
publicaram fotos de sua alimentação luxuosa

"Diretamente da minha casa eu tenho peixe frito, tabule, caçarola e refrigerante #Madaya #em_solidariedade_com_madaya", publicou um sírio em árabe no Facebook

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