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Após escândalos sexuais, imagem de Trump moderado “está definitivamente destruída”

Candidato republicano perdeu o apoio de líderes de seu partido após polêmicas

Internacional|Do R7*

Trump está "no pior momento da campanha"
Trump está "no pior momento da campanha" Trump está "no pior momento da campanha"

Uma série de escândalos sexuais atingiu em cheio a campanha do candidato republicano à presidência, Donald Trump, há poucas semanas da eleição nos Estados Unidos. O que já era ruim com a divulgação de uma gravação na qual o bilionário faz comentários degradantes em relação a mulheres e descreve ações comparáveis a violações sexuais ficou ainda pior com a repercussão de um vídeo de 2005 no qual Trump diz a uma pequena menina que "vai estar namorando com ela" dali a 10 anos.

Para o pró-reitor acadêmico e professor de Relações Internacionais da Faculdade Belas Artes, Sidney Leite, a repercussão dos escândalos sexuais envolvendo o candidato republicano fez com que a imagem de um político moderado que Trump vinha tentando construir desde sua nomeação oficial à corrida presidencial na convenção de seu partido fosse "definitivamente destruída".

— Ele está no pior momento da campanha. Dificilmente vai conseguir reconstruir aquela imagem de não ser mais um inconsequente.

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Outro fator de relevância é a perda do apoio de caciques do Partido Republicano, que vinham se aproximando de Trump na medida em que ele adotava um discurso mais voltado à economia e menos aos ataque às minorias, como os muçulmanos e latinos.

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Com as polêmicas sexuais de Trump expostas ao eleitorado norte-americano, o presidente do Congresso dos Estados Unidos, Paul Ryan, disse que não irá defender o candidato, nem fazer campanha com ele. No Twitter, o milionário classificou os figurões do partido como "hipócritas presunçosos", aprofundando ainda mais a crise política interna.

Swing States

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Coordenadora do curso de Relações Internacionais da FAAP, Fernanda Magnotta está em Akron, no Estado norte-americano de Ohio, acompanhando a reta final das eleições no país. A região é considerada um Swing State — Estado que não tem histórico de escolha partidária definida, podendo alternar entre republicanos ou democratas —, e pode ser decisiva no resultado final.

Fernanda acredita que os escândalos sexuais desgastam a campanha de Trump e questionam a credibilidade do candidato, impactando os eleitores indecisos — que podem vir a definir a eleição. No entanto, ela acredita que a base de seus eleitores não deve ser afetada pelos comentários abusivos e machistas do republicano, já que rejeitam totalmente a candidata democrata.

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— O que a gente tem percebido bastante é a impopularidade dos dois candidatos. Esta é a eleição do "anti". Eles de fato não desfrutam de um grande apoio popular.

A especialista ressalta ainda que, de acordo com estrategistas republicanos, Trump é um candidato atípico, que inclusive não costuma levar em consideração os conselhos de seus assessores — o que prejudica a campanha e torna ainda mais difícil contornar situações constrangedoras e possívelmente nocivas à corrida presidencial.

— O que é novidade é que essa e uma campanha menos profissional do que poderia ser, porque leva em consideração as idiossincrasias dele. Não estamos lidando com um profissional.

Sexo e poder

A mistura da vida pessoal com a política não é novidade nos Estados Unidos. Também democrata, o ex-presidente John Kennedy viu sua vida sexual se tornar notícia ao se envolver com diversas mulheres durante seu mandato — inclusive com a estrela do cinema Marylin Monroe.

O próprio marido de Hillary e ex-presidente, Bill Clinton, teve sua gestão abalada após a revelação de que ele manteve relações sexuais com Monica Lewinsky — uma estagiária da Casa Branca — durante seu governo.

Donald Trump não hesitou em usar o histórico sexual do parceiro de sua rival como arma no segundo debate dos candidatos à presidência na semana passada. Uma hora antes do evento, ele convocou uma coletiva de imprensa com três mulheres que acusam Bill Clinton de abuso sexual, e uma quarta que teria sido estuprada e, na época, viu o suposto criminoso ser defendido pela então advogada Hillary Clinton.

No entanto, para o professor de relações internacionais Sidney Leite, essa aposta de Trump é duvidosa, já que Bill Clinton não é o candidato na disputa pela Casa Branca.

— A Hillary não teve nenhuma conduta sexual inadequada para ele criticar. A minha análise foi que ele usou esse recurso muito mais para manter seu próprio eleitorado do que para tentar reverter votos para si. Ele não conquistou nenhum voto novo, mas sobreviveu às denúncias.

Ainda assim, Leite ressalta que a candidatura de Trump "vem se esvaziando", e lembra que alguns patrocinadores de sua campanha já pediram que sua contribuição seja devolvida após a divulgação recente das gravações constrangedoras envolvendo o candidato.

Vice presidência

As polêmicas envolvendo Donald Trump e seu perfil destoante dos republicanos tradicionais também fizeram com que boatos sobre uma possível substituição de sua candidatura em prol do vice, Mike Pence, voltassem a circular nos bastidores.

De acordo com Fernanda Magnotta, existe de fato uma pressão interna de alguns líderes do Partido Republicano para que isso aconteça. No entanto, ela acredita que a possibilidade do magnata sair da disputa a essa altura da corrida presidencial é "muito baixa".

— Das vezes que eu perguntei para gente que tinha ligação com o partido, eles afirmaram que não há sinais de que isso ocorreria. E o próprio Trump não cogita essa possibilidade. Ele diz que não é um quitter ("desistente"), e tem um projeto de poder próprio.

*Por Luis Felipe Segura

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