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Após fugirem da guerra, refugiados sírios enfrentam frio e falta de alimentos em tendas

Na segunda reportagem da série, o internauta vai descobrir como vivem os sírios nos campos de refugiados

Internacional|Edrien Esteves, especial para o R7, em Azaz (Síria)

Crianças correm pelo campo de refugiados de Azaz
Crianças correm pelo campo de refugiados de Azaz

Mesmo bem agasalhado, estava difícil suportar o frio na noite de 6°C em Azaz, cidade síria situada a 10 km da fronteira com a Turquia. Dois homens sírios falam em árabe, mas não entendo nada do que eles dizem. Digo apenas a palavra “Brasil” e balanço a cabeça em negativo, tentando dizer que meu idioma é outro. Um deles faz o gesto de tirar uma foto, e só então entendo que eles querem saber se eu sou jornalista.

Na segunda reportagem da série “Vidas roubadas na Síria”, o R7 entra no campo de refugiados de Azaz e mostra como vivem as famílias que tiveram de abandonar suas casas destruídas em bombardeios da Força Aérea Síria no norte do país.

Outros refugiados deixaram seus lugares de origem para escapar da morte em cidades como Aleppo, onde se travam sangrentos combates entre as forças leais ao presidente e os que não aceitam as mais de quatro décadas do governo autoritário de Assad e seu falecido pai.

No campo de refugiados, além da sobrevivência, os sírios lutam também para contar suas histórias.


Fotos: Conheça por dentro o campo de refugiados de Azaz (Síria)

Reportagem 1: Sírios se dividem entre viver como refugiados ou ir à guerra


A humanidade foi esquecida na Síria

Conversando por meio de gestos com os dois sírios, entendo que eles querem mostrar aos brasileiros o que as crianças de lá estão enfrentando no acampamento situado logo à nossa frente.


Quando os combates entre as Forças Sírias e o ELS (Exército Livre da Síria, formado por soldados rebeldes) se intensificaram no norte do país, por volta do mês de maio de 2012, os civis foram à fronteira com a Turquia para se refugiar no país vizinho.

Mas como o campo de refugiados em Kilis estava lotado, o governo turco não permitiu que eles entrassem no país. O jeito foi ficar por Azaz, dormindo embaixo de caminhões, ao relento e sem nada para comer.

A situação era tão deplorável que muitos voltaram para suas casas, mesmo correndo risco de morte. Depois, tendas foram instaladas para abrigá-los e, dessa forma, o campo de refugiados de Azaz foi formado.

No campo há crianças de todas as idades, e até recém-nascidos, que passam as noites na escuridão fria das tendas, entre as mais de 5.000 pessoas que se encontram no lugar.

Não há lenha para se aquecer, então os sírios usam os poucos gravetos que encontram, o que não é suficiente. O inverno rigoroso toma conta, mas o conflito não tem data para terminar.

As pessoas no campo em Azaz tiveram o seu cotidiano interrompido por causa da violência da guerra. Elas se refugiaram para escapar da morte, mas agora enfrentam traumas, passam frio e sofrem com a escassez de alimentos e de produtos básicos. Além disso, não têm perspectivas de que a situação melhore em breve.

Na sede da organização não governamental Humanitarian Relief, localizado dentro do campo de Azaz, encontro ativistas sírios que fazem a refeição matinal: pão, ovos cozidos, tomate, pepino, chá e iogurte — os dois últimos, bebidas tradicionais na Síria.

Alguns deles descarregam caixas de ajuda humanitária que haviam acabado de chegar em dois caminhões de pequeno porte. O Humanitarian Relief é formado por civis que organizam o recebimento e a distribuição das poucas doações que chegam.

Khaled Hassoun, um dos gerentes, conta que a ajuda vem da Turquia e do Qatar, mas que não é suficiente. Ele diz também que a sede está há 30 dias sem receber leite para as crianças.

Outra ONG que atua no campo de refugiados de Azaz é a Insani Yardim Vakfi (IHH Humanitarian Relief). Numa tenda eles distribuem tênis para as crianças e sopa para os refugiados.

Não há nem sinal das Nações Unidas ali.

Na semana passada, a agência de notícias da ONU informou que a organização vai retirar seu “pessoal não-essencial” da Síria por questões de segurança. A ONU também restringiu as viagens das pessoas que permanecerem no país.

Cerca de 25% dos cem membros do pessoal da ONU em Damasco iriam deixar a capital Síria até esta semana.

Conheça por dentro o campo de refugiados de Azaz (Síria)

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