Ministros de 18 países europeus e latino-americanos defenderam nesta sexta-feira (10) o papel da Organização Mundial da Saúde (OMS) na coordenação da resposta internacional à crise causada pela pandemia de covid-19, uma clara reação à postura dos Estados Unidos.
Em declaração ao término de uma videoconferência organizada por França, Espanha e União Europeia, os países enfatizaram que "a cooperação e a solidariedade devem estar no centro da resposta à pandemia".
Três dias após os Estados Unidos notificarem a saída da OMS por causa do que consideram ser uma má prática na gestão desta crise, os 18 países expressaram apoio à ação de coordenação da organização para realizar uma "avaliação imparcial, independente e abrangente" para tirar lições da resposta internacional à covid-19.
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A conferência contou com a participação de Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Peru e República Dominicana. Do lado europeu, os presentes eram Alemanha, Croácia, Espanha, França, Itália, Holanda, Portugal, Eslovênia e Suécia.
Em outro ponto da declaração, que também pode ser lido como um sinal das diferenças em relação ao unilateralismo do presidente norte-americano, Donald Trump, os países disseram estar convictos de que "a crise atual é um argumento suplementar a favor do fortalecimento do sistema multilateral".
Todos reafirmaram o apoio aos objetivos da Carta das Nações Unidas e expressaram determinação para alcançar "acordos ambiciosos" nas conferências sobre mudanças climáticas (COP26) e sobre a biodiversidade (COP15) no ano que vem.
Os 18 países enalteceram a solidariedade demonstrada entre eles desde o início da crise sanitária e a vontade de reforçar a cooperação para enfrentar a epidemia e as suas consequências, principalmente econômicas e sociais.
Comprometeram-se a combater a escassez de equipamentos médicos essenciais, a facilitar a circulação de equipamentos e produtos necessários para prevenir e tratar a doença, e disseram que possíveis vacinas futuras deveriam ser consideradas "bens públicos globais" para garantir o acesso geral.
A França aproveitou esta reunião para anunciar que dedicará mais de 800 milhões de euros em doações e empréstimos bilaterais para ajudar os países da América Latina e do Caribe a lidar com a covid-19 e seus efeitos.
Estes recursos franceses, que são adicionais aos previstos pela União Europeia como conjunto, buscam fornecer ajuda emergencial aos sistemas de saúde, garantir a subsistência das populações indígenas e mais vulneráveis, reduzir as consequências da crise e preparar uma recuperação sustentável.
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A ministra espanhola das Relações Exteriores, Arancha González Laya, lembrou que, desde o início da crise, "a Espanha implementou uma série de mecanismos para tentar ajudar os países latino-americanos", como a promoção dos "Diálogos da covid-19", para "compartilhar experiências e lições aprendidas e gerar redes de especialistas".
Esta é a primeira reunião de alto nível entre representantes de ambas as regiões desde a reunião de ministros da UE com a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em Bruxelas, em julho de 2018. O objetivo do encontro era chegar a um acordo sobre uma resposta internacional coordenada em matéria de saúde e fortalecer o diálogo político.
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