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Catalunha ganhou direito à independência, diz líder regional

Referendo sobre separação do país não teve reconhecimento da Espanha

Internacional|Marco Antônio Lopes, com agências internacionais

Manifestantes que votaram pela separação da Catalunha saem as ruas para comemorar a vitória no referendo
Manifestantes que votaram pela separação da Catalunha saem as ruas para comemorar a vitória no referendo Manifestantes que votaram pela separação da Catalunha saem as ruas para comemorar a vitória no referendo

O líder catalão Carles Puigdemont declarou que a região ganhou direito à independência após o referendo controverso deste domingo (1º). A consulta popular, realizada nas províncias da Catalunha sob repressão policial, não teve reconhecimento dogoverno central, que considerou ilegal o plesbiscito

Puigdemont afirmou que a porta foi aberta para que a região faça uma declaração unilateral de independência. O "sim" venceu com 90% dos votos.

"Neste dia de esperança e sofrimento, os cidadãos da Catalunha ganharam o direito de ter um Estado independente sob a forma de uma república", afirmou ainda Carles Puigdemont em um pronunciamento televisionado, cercado por membros de seu governo. Ele cobrou posicionamento da União Europeia.

"O meu governo, nos próximos dias, enviará os resultados do voto de hoje ao Parlamento da Catalunha, onde reside a soberania do nosso povo, para que possa agir de acordo com a lei do referendo", disse ele.

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A lei do referendo prevê uma declaração unilateral de independência pelo Parlamento regional da Catalunha se a maioria votar para deixar a Espanha.

Pela legislação aprovada pelo poder Legislativo catalão, o próximo passo é escrever a declaração de independência da Catalunha em relação à Espanha, que continua defendendo a inconstitucionalidade da votação, convocada à revelia de Madri.

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Puigdemont também lançou um apelo para a Europa "parar de ignorar" a crise catalã e as "violações dos direitos humanos" que ele atribui às forças de segurança enviadas pelo primeiro-ministro Mariano Rajoy.

Líder catalão Carles Puigdemont discursa após o referendo: "Conquistamos direito de ser respeitados na Europa"
Líder catalão Carles Puigdemont discursa após o referendo: "Conquistamos direito de ser respeitados na Europa" Líder catalão Carles Puigdemont discursa após o referendo: "Conquistamos direito de ser respeitados na Europa"

Agentes da Guarda Civil e da Polícia Nacional invadiram colégios eleitorais para impedir a consulta popular e entraram em confronto com cidadãos, deixando um saldo de mais de 840 feridos, segundo o governo regional.

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Resultados preliminares

"A UE não pode continuar olhando para o outro lado. Conquistamos o direito de ser respeitados na Europa", disse, acrescentando que o "Estado espanhol escreveu hoje uma página vergonhosa de sua história".

Manifestantes que apoiaram a independência no plebiscito fazem festa nas ruas de Barcelona
Manifestantes que apoiaram a independência no plebiscito fazem festa nas ruas de Barcelona Manifestantes que apoiaram a independência no plebiscito fazem festa nas ruas de Barcelona

O referendo foi proibido pelo tribunal constitucional e declarado ilegal por Madri.

Milhares de pessoas saíram ás ruas de províncias catalãs para comemorar o resultado das urnas. Em Barcelona, centenas de manifestantes pela independência levaram bandeiras catalãs para celebrar o resultado do plebiscito após a declaração do líder regional.

Grupos pró-independência e sindicatos da Catalunha convocaram uma greve geral na região espanhola para o dia 3 de outubro, informou o jornal La Vanguardia citando o chefe do grupo Omnium Cultural, Jordi Cuixart.

A produção econômica da Catalunha vale cerca de um quinto do Produto Interno Bruto total da Espanha e a região tem uma economia em torno do tamanho do Chile.

"Não houve referendo"

O presidente da Espanha, Mariano Rajoy, anunciou neste domingo (1º) que convocará as forças representadas no Parlamento para uma reflexão conjunta sobre o futuro do país e defendeu o restabelecimento da normalidade institucional. 

Em declarações à imprensa após a votação independentista realizada na região da Catalunha, Rajoy disse que "não houve um referendo" e que todos os espanhóis constataram que o Estado de Direito se mantém “forte e vigente”.

Em um pronunciamento televisivo após o fechamento das urnas, Rajoy declarou que está "muito claro" que "não houve qualquer plebiscito". "Nosso Estado de Direito mantém sua força e permanece em vigor, reagindo frente a quem quer subvertê-lo", salientou.

Segundo o primeiro-ministro, a votação foi uma "chantagem de poucos" e a maioria do povo catalão "não participou do teatro dos independentistas". "Hoje constatamos a força da democracia espanhola", acrescentou.

No referendo, os catalães deveriam responder sim ou não se a Catalunha deve seja um Estado independente em forma de República, ou seja, separar-se do governo central espanhol.

A consulta foi considerada ilegal pela Justiça espanhola. No entanto, tanto o governo catalão como o Parlamento rechaçaram a decisão do tribunal e mantiveram o referendo, considerado primeiro passo para a independência da região. O governo espanhol alega que o referendo fere a constituição e a unidade do país.

A Catalunha tem uma população de 7,5 milhões de habitantes. Em 2014, houve uma tentativa semlehantes de consulta, sem valor legal.

Crise política

Rajoy disse em meio a uma das maiores crises políticas da Espanha em décadas que vai convocar conversas com todos os partidos para "refletir sobre o futuro", mas o diálogo sobre a Catalunha será "dentro da lei".

"Não podemos permitir que 40 anos de harmonia sejam lançados ao ar por meio de uma chantagem de toda a nação", acrescentou. "Espero que agora eles desistam do caminho que, como já foi visto hoje, não leva a lugar nenhum".

Mais cedo, as ruas da Catalunha, uma potência industrial e turística que responde por um quinto da economia espanhola, entraram em ebulição quando a polícia nacional fechou locais de votação fazendo uso de cacetetes e arrastando os eleitores para longe. A ação atraiu críticas em casa e no exterior.

"Eu proponho que todos os partidos políticos com representação parlamentar se encontrem e, juntos, reflitam sobre o futuro que todos enfrentamos", disse Rajoy em um pronunciamento televisionado. No entanto, manteve sua posição firme contra a independência catalã e elogiou a polícia.

O referendo, declarado ilegal pelo governo central da Espanha, lançou o país em sua pior crise constitucional em décadas e aprofundou um racha centenário entre Madri e Barcelona.

Apesar da ação policial, filas com centenas de pessoas foram formadas em cidades e vilas em toda a região para votar. Em um local de votação em Barcelona, ​​pessoas idosas e crianças tiveram preferência na entrada.

"Estou tão satisfeito porque, apesar de todos os obstáculos que colocaram, consegui votar", disse Teresa, uma aposentada de 72 anos em Barcelona, ​​que ficou em fila por seis horas.

A votação não tem status legal, já que foi bloqueada pelo Tribunal Constitucional da Espanha e por Madri por estar em desacordo com a Constituição de 1978.

Contudo, o chefe do governo regional catalão no domingo abriu a porta para uma possível declaração de independência da Catalunha, ao dizer que enviaria o resultado do referendo para o Parlamento catalão.

A lei do referendo prevê uma declaração unilateral de independência pelo Parlamento regional da Catalunha se a maioria votar para deixar a Espanha.

Os resultados preliminares apontam que uma esmagadora maioria votou pela independência catalã

Uma minoria de cerca de 40%dos catalães apoia a independência, mostraram as pesquisas, embora a maioria queira um referendo sobre o assunto. A região de 7,5 milhões de pessoas tem uma economia maior que a de Portugal.

É altamente provável que o voto "sim" vença, considerando que a maioria daqueles que apoiam a independência deveriam votar, enquanto a maioria daqueles que são contra não compareceriam.

Tensão e invasão de centros eleitorais

Durante todo o dia, funcionários da polícia invadiram vários centros eleitorais e obrigaram organizadores e votantes a sair das escolas que estavam sendo utilizadas para a consultar.

Em algumas ações da polícia, os oficiais entraram nos prédios, retiraram as urnas à força e expulsaram as pessoas aos empurrões.

A polícia de choque espanhola entrou em estações de votação em toda a Catalunha, confiscando cédulas e documentos de votação para tentar suspender um referendo proibido sobre a divisão da Espanha.

A polícia arrebentou portas para forçar a entrada nos locais de votação, enquanto catalães gritavam "Fora forças de ocupação" e cantavam o hino da rica região. Em um incidente em Barcelona, ​​a polícia disparou balas de borracha.

Segundo o governo regional da Catalunha, mais de 840 pessoas ficaram feridas após os confrontos de civis com a polícia.

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