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Feridos na Catalunha chegam a mais de 840, diz governo regional

Confrontos com a polícia foram registrados em várias zonas eleitorais

Internacional|Do R7, com Ansa e Agência Brasil

Senhora é atendida após ter sido ferida na cabeça
Senhora é atendida após ter sido ferida na cabeça Senhora é atendida após ter sido ferida na cabeça

Cerca de 844 pessoas ficaram feridas em distúrbios em toda a Catalunha no domingo, informou o governo regional. A polícia de choque entrou em confronto com pessoas que se reuniram para um referendo, proibido por Madri, para a independência da região da Espanha.

Duas pessoas estão em estado grave, de acordo com as autoridades locais. Um dos feridos com gravidade é um homem atingido no olho por um tiro de bala de borracha em frente a um dos centros de votação em Barcelona.

Além desse caso, um idoso sofreu uma parada cardíaca enquanto a polícia expulsava pessoas de um colégio eleitoral na cidade de Lérida e foi internado também em Barcelona. A Polícia Nacional e a Guarda Civil da Espanha detiveram seis pessoas, uma delas menor de idade, acusadas de resistência, desobediência e atentado a autoridades. 

Como líder municipal, a prefeita de barcelona, Ada Colau, ainda manifestou reprovação à violência da polícia e exigiu o fim dos atos repressivos dos policiais à "população indefesa".

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Pelo Twitter, o Ministério do Interior da Espanha divulga apenas o número de agentes das forças de segurança feridos durante os conflitos de hoje na Catalunha. Segundo o órgão, 19 policiais e 14 guardas-civis tiveram atendimento médico. Nos últimos dias, o governo central enviou para a região mais de 10 mil agentes.

Os oficiais atuaram para impedir a realização da consulta, que não é considerada legal pelo governo espanhol. Foram confiscadas urnas e cédulas de voto, além de material de divulgação nos centros de votação.

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As ações geraram protestos e muitos conflitos nas ruas da região.

O porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, atribuiu o número de feridos à violência "policial do Estado" e aconselhou aos feridos a comparecer a centros de saúde para obter um atestado médico e apresentar denúncia à polícia da região, conhecida como Mossos d'Esquadra.

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Já a Polícia Nacional defende a operação. Também por meio do Twitter, a polícia destacou que atua para defender “a legalidade, com proporcionalidade, congruência e oportunidade” e que “apesar das provocações, insultos ou agressões, nossa missão é proteger a legalidade e velar pelo Estado de Direito”.

Na mesma rede social, centenas de pessoas compartilham denúncias de agressões usando hashtags como #ReferendumCAT, além de críticas ao uso de balas de borracha pelos policiais, o que é proibido desde 2014. Nas ruas, há protestos em defesa da democracia, tanto na região autônoma quanto em outras cidades, a exemplo da capital espanhola, Madri, onde centenas de pessoas protestam agora na Praça do Sol, em apoio ao referendo e solidariedade aos catalães.

Apesar dos conflitos, o referendo foi mantido. Agora, uma multidão acompanha a contagem de votos na Praça da Catalunha, em Barcelona.

Colégios invadidos

Seguindo uma deteminação da Justiça espanhola, agentes das duas forças invadiram diversos colégios eleitorais espalhados pela região e apreenderam urnas usadas na votação.

Em colégios de Barcelona e Girona, as pessoas se colocaram na entrada para tentar barrar os policiais ou se deitaram no chão, impondo uma resistência pacífica, mas foram retiradas à força.

Os agentes, alguns com armamento pesado, saíam com as urnas sob os gritos de "votaremos".

Além disso, a Guarda Civil cortou a conexão de internet em diversos colégios eleitorais para impedir a realização do plebiscito. As ações começaram após os Mossos d'Esquadra, nome da força policial da Catalunha, terem se recusado a apreender urnas e outros materiais eleitorais, como havia sido ordenado pela Justiça da Espanha.

Os agentes catalães se limitaram a contar as pessoas presentes e a fazer controles de segurança, para depois ir embora, sob os aplausos dos cidadãos. "Fomos obrigados a fazer aquilo que não queríamos", declarou o delegado do governo espanhol na comunidade autônoma, Enric Millo, justificando a intervenção da Guarda Civil e da Polícia Nacional e acusando os Mossos de colocarem critérios "políticos" acima dos "profissionais".

Um dos colégios invadidos foi aquele onde votaria o presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, em Girona, mas o líder acabou indo para outra seção eleitoral por causa da operação policial.

Durante a manhã, o porta-voz do governo catalão, Jordi Turull, já havia anunciado que os cidadãos poderiam votar em qualquer lugar.

"Todas as pessoas podem votar em qualquer escola, apresentando passaporte ou carta de identidade. Foi implantado um sistema para garantir que uma pessoa vote apenas uma vez", declarou. Ele também disse que, apesar das ações da Espanha, 73% dos colégios seguem abertos.

Reações

As operações da Guarda Civil e da Polícia Nacional provocaram reações furiosas na Catalunha, que acusa a Espanha de ser um Estado "autoritário". O próprio Turull disse que uma repressão assim não era vista "desde os tempos do franquismo", quando a língua e a cultura regionais sofreram severas restrições.

Já Puigdemont afirmou que a "brutalidade injustificada" contra os eleitores catalães acompanhará Madri "para sempre". "Hoje o Estado espanhol perdeu muito mais do que já havia perdido. Hoje, na Catalunha, já vencemos muito mais do que havíamos vencido", acrescentou. Por sua vez, a prefeita de Barcelona, Ada Colau, usou o Twitter para chamar o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, de "covarde". "Ele inundou nossa cidade de policiais. Barcelona, cidade de paz, não tem medo", reforçou.

O zagueiro do Barcelona Gerard Piqué, ícone do movimento nacionalista catalão, compareceu a um colégio eleitoral e disse que a repressão contra o plebiscito é "uma vergonha". "As imagens falam por si", disse.

Entenda o referendo

No referendo, os catalães deveriam responder sim ou não se a Catalunha deve seja um Estado independente em forma de República, ou seja, separar-se do governo central espanhol.

A consulta foi considerada ilegal pela Justiça espanhola. No entanto, tanto o governo catalão como o Parlamento rechaçaram a decisão do tribunal e mantiveram o referendo, considerado primeiro passo para a independência da região. O governo espanhol alega que o referendo fere a constituição e a unidade do país.

A Catalunha tem uma população de 7,5 milhões de habitantes. Em 2014, houve uma tentativa semlehantes de consulta, sem valor legal.

* Com informações da agência EFE

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