Como conquistar a excelência industrial?

Os suspeitos de sempre – a crise do euro e a competição global – roubaram o sono dos gestores europeus durante 2012. Sua reação foi o corte de custos e a adoção de métodos de produção mais enxutos. Em um continente onde, de acordo com os críticos, é mais fácil se divorciar do que demitir um funcionário, gestores europeus afirmam que estão se concentrando em melhorar a arte da comunicação.

"Não há forma melhor de motivar que a comunicação", afirmou Johannas Haider, vice-presidente de compras, produção e tecnologia do departamento do peças plásticas da BMW.

Haider se refere à subsidiária da BMW, na qual trabalha em Tübingen, como uma "fábrica transparente", onde gestores e funcionários são treinados para compreender o processo de manufatura como um todo. O fluxo do trabalho é visível em diagramas espalhados pelas paredes da fábrica.

"Essa é nossa resposta à complexidade", afirmou.

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As táticas de Haider triplicaram a produtividade da fábrica nos últimos quatro anos, segundo ele, além de diminuírem os custos de produção.

Na França, Jean Cazaubieilh, gerente de fábrica da Continental Automotive Foix, também enfatiza o papel importante da comunicação e da coordenação no planejamento para o lançamento de novos produtos.

"Trabalhamos em parceria com o pessoal de pesquisa e desenvolvimento que está otimizando nossos produtos", afirmou Cazaubieilh. "Logo no começo, levamos em conta tudo de que precisaremos para obter uma boa rede de suprimentos, além de aperfeiçoar nossos fluxos de produção, especialmente no que diz respeito à redução de resíduos."

Stephen Chick, professor de gestão de tecnologia e operações na escola internacional de gestão Insead, afirmou que foram realizadas diversas inovações nas formas de comunicação com os funcionários, envolvendo principalmente a redução na quantidade e no uso de computadores. Uma indústria tentou eliminar todas as ferramentas de planilhas do chão da fábrica "para que as pessoas observassem os dados manualmente", afirmou.

Chick conta que há um número cada vez maior de reclamações entre gestores que afirmam que a comunicação digital via e-mail – introduzida para complementar conversas por telefone, memorandos e reuniões – está limitando as interações no ambiente de trabalho.

"O que estão descobrindo é que essas formas eletrônicas de comunicação estavam desacelerando o processo de tomada de decisões", afirmou. "Por essa razão, as equipes encontraram soluções para esses problemas com mais rapidez quando conversaram pessoalmente."

Chick também observou uma tendência cada vez maior de equilíbrio nas relações industriais na Europa, inclusive no que diz respeito à comunicação.

"Agora há mais reciprocidade entre a diretoria e a mão de obra quanto a diálogo, confiança, justiça e respeito", afirmou.

Essa atitude honesta ajudou os gestores da Continental Foix a calar os egos que frequentemente atrapalham o desempenho da equipe.

"Equipes de gestão trabalharam juntas com humildade e disciplina", afirmou Chick.

Cazaubieilh afirmou que deseja conseguir "98% de participação da mão de obra", além coletar com regularidade opiniões de clientes durante o processo de melhoria da produção.

"Otimizamos nossa cadeia de suprimentos", afirmou, "porque realmente envolvemos todas as pessoas e todas as habilidades em torno da cadeia de suprimentos: do fornecedor de matérias primas ao fornecedor de equipamentos, passando pelo pessoal interno, pela equipe de logística, de fabricação e até mesmo por nossos clientes".

Embora estejam enfrentando a crise do euro e as fraquezas do mercado, as equipes de gestão continuam focadas e comprometidas com a inovação.

"Um tema consistente por muitos e muitos anos continua a ser a busca pela excelência operacional", afirmou Chick, "a implantação de uma gestão enxuta em diversas áreas: não apenas na manufatura, mas também em outros processos administrativos e frequentemente no desenvolvimento de novos produtos e da eficiência operacional".

(Peter Dolle é correspondente da Insead Knowledge em Berlim.)

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