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Companhias aéreas de baixo custo são tão seguras quanto as outras, garantem especialistas

Engenheiros explicam que corte de gastos se dá apenas em questões operacionais

Internacional|Marcella Franco, do R7

Avião da EasyJet, uma das mais famosas aéreas de baixo custo
Avião da EasyJet, uma das mais famosas aéreas de baixo custo Avião da EasyJet, uma das mais famosas aéreas de baixo custo

Acidentes aéreos conseguem muitas vezes deixar viajantes supersticiosos com o pé atrás por algum tempo depois da tragédia, mas a queda que matou 150 pessoas no trajeto Barcelona-Dusseldorf nesta terça-feira (24) talvez consiga mexer de maneira definitiva em um hábito de milhares de turistas ao redor do mundo: viajar barato.

Isso porque, por envolver uma companhia low cost, como são chamadas aquelas empresas que oferecem passagens muito mais baratas, o acidente da Germanwings levantou entre os consumidores uma dúvida importante: a redução das tarifas das aéreas de baixo custo teria algo a ver com segurança?

Heliano Cabral, engenheiro aeronáutico e piloto comercial com 14 mil horas de voo explica que o corte nas despesas das low cost passa por questões como serviço do bordo, por exemplo, além de cobrança de bagagem e atendimento em solo — mas nunca, de maneira alguma, por qualificação profissional ou manutenção das aeronaves.

— Ser de baixo custo não diferencia as companhias no ponto de vista da segurança. É só ver os exemplos das europeias EasyJet e RyanAir, que têm índices de acidentes iguais aos das outras. E são aeronaves que voam tanto quanto os outros, uma média de 200 horas por mês. A aviação civil é muito regulada e fiscalizada, especialmente na Europa. É algo muito rigoroso, uma companhia incompetente não consegue colocar aviões para voar.

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O também engenheiro aéreo Adalberto Febeliano, que trabalha com aviação civil há 17 anos, complementa dizendo que este tipo de companhia é certificado segundo as mesmas normas técnicas das outras empresas, o que garante exatamente o mesmo grau de segurança.

Febeliano explica que, além de, por exemplo, atender em aeroportos secundários, as low cost conseguem enxugar gastos em outros detalhes operacionais.

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— Há a padronização da frota, porque é mais econômico cuidar de um único modelo. Fora isso, há uma utilização maior dos aviões, que voam mais horas por dia, e a diminuição da oferta de amenidades e itens de conveniência aos passageiros. Por isso, estas companhias têm assentos mais próximos entre si, com menos espaço entre os viajantes, cobrança extra para transporte de bagagens, cobrança pelos lanches a bordo e profusão de propagandas no interior dos aviões.

A Germanwings, proprietária da aeronave que caiu nesta terça (24) matando 150 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes, é uma companhia do tradicional Grupo Lufthansa. Foi fundada em 2002, tem uma frota de 85 aviões, emprega mais de duas mil pessoas, e atualmente voa para 100 destinos na Europa, tendo bases em sete cidades — entre elas Dusseldorf, destino do avião que acabou caindo nos Alpes franceses.

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Ainda assim, não ocupa uma posição de grande destaque no hall da fama mundial das companhias de baixo custo, liderado de longe pelas europeias EasyJet e RyanAir, mencionadas por Heliano Cabral como empresas extremamente ativas e igualmente seguras. Para se ter uma ideia, a primeira transporta cerca de 60 milhões de passageiros por ano.

Na América central, as mais conhecidas aéreas de low cost são a JetBlue Airways e a Southwest Airlines. No Brasil, embora a demanda doméstica por voos comerciais tenha acumulado alta de 5,4% em 2014, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), não há nenhuma companhia nacional de baixo custo.

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Ainda que continue se definindo como companhia low fare, a Gol, por exemplo, modificou seu padrão de funcionamento inaugurado 14 anos atrás, e atualmente pratica tarifas que competem com as outras aéreas no mercado interno.

O engenheiro Cabral aponta uma razão em particular como possível inviabilizador deste nicho em território nacional.

— Ser low cost exige muito malabarismo, porque são empresas que trabalham com margens de lucro muito pequenas. Qualquer operação no combustível, por exemplo, acaba comendo o lucro no orçamento. É preciso muita agilidade para se conseguir operar uma aérea de baixo custo no Brasil. Obviamente a legislação também não favorece, e a parte tributária é muito complicada. Desta maneira, fica mais difícil de trabalhar.

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