Conheça o ex-motorista de ônibus que pode ser sucessor de Chávez
Nicolás Maduro é chamado por Chávez de "gente do povo"
Internacional|Do R7, com agências internacionais
Ex-motorista de ônibus e amigo de longa data de Chávez, Nicolás Maduro foi apontado pelo presidente no último sábado (8) para assumir a Presidência interina e ser candidato às eleições caso ele fique incapacitado de governar após à quarta cirurgia a que se submeterá em Cuba.
— Elejam Maduro presidente da República, peço de coração.
Maduro é ministro das Relações Exteriores de Chávez desde 2006 e, em outubro deste ano, passou a acumular também a função de vice-presidente. Socialista e sindicalista de longa data, Maduro fez parte da Assembleia Constituinte que redigiu a Constituição Bolivariana proposta por Chávez, em 1999.
Aos 50 anos, Maduro é considerado o mais popular dos parceiros de Chávez, graças a seus modos afáveis e laços estreitos com o presidente. Sua nomeação para chanceler foi muito criticada na época, pois ele não tem formação universitária.
O ex-motorista de ônibus é citado por Chávez como exemplo de "gente do povo". "Olha onde vai Nicolás: de motorista de ônibus a vice-presidente. E como ri da burguesia por isso", ironizou Chávez em outubro.
Sua origem humilde agrada aos simpatizantes de Chávez na classe trabalhadora. Maduro também não liga para as críticas e chegou a dirigir o caminhão sobre o qual Chávez fazia campanha para as eleições presidenciais deste ano.
Os seis anos de Maduro como chanceler também lhe deram bons contatos na China, na Rússia e em outros países influentes. Ele tem um estilo calmo, mas acredita firmemente nas políticas esquerdistas de Chávez e critica ferozmente os EUA.
Lealdade "até além desta vida"
Em seu primeiro ato oficial, na segunda-feira (10), Maduro chorou e jurou lealdade a Chávez.
— Quem tem que chorar que chore, porque nosso pranto é a expressão mais pura do amor que temos por Chávez e pela pátria de nossos filhos. [...] Até além desta vida vamos ser leais a Hugo Chávez.
Maduro acompanhou Chávez na madrugada de segunda-feira ao abordar um avião que o levou a Havana, onde se submeterá nos próximos dias à quarta operação contra um câncer diagnosticado em 2011.
"Chávez tem um povo, tem a nós e nos terá sempre nesta batalha de vitória em vitória com nossa lealdade", disse Maduro, visivelmente emocionado, chegando a ficar sem voz em alguns momentos.
— Vamos superar com coragem, com amor, com oração esta circunstância que estamos vivendo.
Oposição critica "sucessão"
O líder opositor venezuelano, Henrique Capriles, rejeitou no domingo (9) a possibilidade de Maduro ser o "sucessor" de Chávez, enquanto defendeu a manutenção da constitucionalidade.
— Que fique bem claro: na Venezuela não há sucessão. Isto não é Cuba, nem uma monarquia onde há um rei e então sobe ao trono aquele que foi designado pelo rei. Não, aqui na Venezuela, quando uma pessoa se afasta de um posto, a última palavra sempre será do nosso povo.
Capriles foi derrotado por Chávez nas eleições presidenciais de outubro, mas recebeu 44% dos votos, um recorde de 6,5 milhões de votos para a oposição. Ele poderá concorrer de novo.
Se uma nova eleição for necessária, poderá ser o melhor cenário para a oposição vencer desde que Chávez assumiu o poder em 1999. Muitos eleitores ignoram os fracassos do governo por causa da profunda conexão emocional que têm com o presidente.