Entenda as diferenças dos EUA com Obama ou com Romney para o mundo
Decisão da sociedade americana interfere diretamente no cenário intencional
Internacional|Fábio Cervone, colunista do R7
Ainda que muitos antiamericanos critiquem, não é à toa que o mundo acompanha de perto a disputa que decidirá o próximo presidente dos EUA. Trata-se da eleição daquele que governará a maior economia, a cultura mais disseminada e a principal potência militar no mundo. E dependendo de quem assumir o posto, os rumos do planeta podem mudar completamente.
O democrata Barack Obama, atual hóspede da Casa Branca e candidato à reeleição, em muitos aspectos tem uma doutrina bem diferente da de seu rival, o republicano Mitt Romney, conservador ex-governador de Massachusetts, conhecido pela fortuna e carreira nos negócios.
Republicanos e democratas, mesmo com discórdias dentro dos partidos, não escondem o quanto são diferentes em relação a várias esferas, como, por exemplo, na condução das guerras e conflitos nos quais os EUA estão envolvidos.
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Romney e outras figuras partidárias, como seu vice Paul Ryan e o ex-secretário de defesa da gestão George Bush filho, Donald Rumsfeld, consideram a atuação do país pífia nos principais campos de batalha do mundo, como: guerra civil síria, programa nuclear iraniano e, mais recentemente, o assassinato do embaixador norte-americano na Líbia.
Enquanto Obama confere mais cautela no âmbito global, os conservadores republicanos afirmam veemente que a gestão em vigor está abandonando os campos de batalha, dando assim um sinal de fraqueza aos inimigos e admitindo, nas entrelinhas, que o jogo pode ser virado.
Duas receitas para sair da crise
No campo econômico, também há um grande abismo entre as duas opções de projeto político, em especial à condução doméstica da crise financeira: a superação da estagnação econômica dos EUA é o assunto mais importante do debate eleitoral.
Romney segue a tradição do partido e pretende reduzir a intervenção do Estado na economia e diminuir impostos e gastos — com exceção aos gastos militares.
Já Obama aplicou em seu governo outra fórmula para sair da crise: a máquina pública deve sofrer com o controle orçamentário, mas aumentará ainda mais sua influência ativa na economia. Além disso, o atual presidente quer aumentar os impostos para os mais ricos e reduzir para as classes mais baixas.
Se uma das duas fórmulas for bem sucedida, ela poderá tirar o país da letargia lucrativa e contribuir diretamente para o bolso de vários países — que estão ansiosos para que isso aconteça —, incluindo a China, a Europa e, claro, o Brasil.
Aquecimento global
As posturas dos americanos nas principais negociações internacionais são outro setor em que Obama e Romney divergem claramente, sobretudo nas decisões ambientais.
Além de muitas frases controversas questionando abertamente a veracidade das estimativas sobre o aquecimento do planeta e suas consequências como o aumento do nível dos oceanos, Romney não vê o tema como prioritário.
Já Obama prometeu muito durante a campanha anterior, além de ter uma postura mais liberal nos discursos mais recentes, como em outros temas espinhosos, como união homossexual. Na prática, no entanto, pouca coisa efetivamente se tornou realidade nas mesas de negociações.
Em todos estes debates, o impacto individual e as consequências indiretas das decisões tomadas pelo EUA são de inevitável e profunda relevância para o futuro do mundo. O olhar investigativo, crítico e multifacetado sobre a situação é responsabilidade não só dos eleitores americanos, como também da comunidade jornalística, acadêmica e ativista internacional.