EUA acusam Assad por ataque químico na Síria e prometem uma “resposta”
Secretário de Estado americano chamou ataque químico da semana passada de “obscenidade moral”
Internacional|Do R7, com agências internacionais
O secretário de estado norte-americano John Kerry não deixou dúvidas nesta segunda-feira (26) de que, para os EUA, o regime sírio de Bashar al Assad usou armas químicas contra sua própria população.
Em entrevista coletiva convocada às pressas em Washington, Kerry disse que os EUA irão responder à “obscenidade moral” praticada pelo governo sírio.
— O que está diante de nós hoje é real e convincente.
Inspetores da ONU em Damasco são atacados
Especialistas recolheram amostras de local do suposto ataque
O suposto ataque químico da última quarta-feira (21), lançado sobre vários bairros da periferia de Damasco, teria matado mais de 300 pessoas e ferido outras milhares. Grupos de oposição sírios acusam o governo pela matança, mas o regime Assad nega ter usado tais armamentos.
Em um discurso bastante contundente, o chefe da diplomacia americana disse que é “inegável” o ataque químico.
— Deixe-me ser claro. O massacre indiscriminado de civis, a matança de crianças e mulheres e de observadores inocentes por armas químicas é uma obscenidade moral. É indesculpável dentro de qualquer padrão e, apesar das desculpas e dos equívocos que alguns produziram, é inegável. (...) Enquanto esperamos as investigações, nosso entendimento está baseado nos fatos, está formado pela consciência e guiado pelo bom senso.
Kerry declarou que, se o regime de Assad não tinha nada que ocultar, não entende por que complicou o trabalho dos inspetores das Nações Unidas. O comboio dos inspetores foi alvo de tiros hoje quando tentava coletar provas em relação às denúncias que foram divulgadas na internet.
O chefe da diplomacia americana assegurou que os Estados Unidos têm em seu poder provas adicionais às já divulgadas por testemunhas e organizações humanitárias, e que as levará a público depois que forem analisadas.
As declarações de Kerry foram reforçadas pelo porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, para quem é inegável o uso de armas químicas na Síria pelo próprio governo do país.
Segundo Carney, Obama está avaliando a resposta adequada para o uso de armas químicas, mas não tomou nenhuma decisão sobre como responder. Carney também não deu prazo sobre quando Obama vai decidir.
— Há pouquíssimas dúvidas em nossa mente de que o regime sírio é culpado.
O porta-voz afirmou que é inegável que as armas foram usadas, no que ele chamou de violação de uma norma internacional.
No início deste ano, Obama qualificou o uso de armas químicas como uma “linha vermelha” no conflito sírio, indicando que os EUA poderiam articular uma interferência no país árabe, caso esse tipo de agressão ocorresse.
Rússia nega uso de armas pelo regime de Assad
Enquanto os EUA elevaram o tom sobre a Síria, a Rússia, por outro lado, declarou que não há provas de qualquer ataque.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse oje por telefone ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que ainda não há provas de que o regime sírio tenha usado armas químicas contra os rebeldes na Síria.
Segundo a assessoria do premiê britânico, Putin disse: "Eles não têm provas nem da utilização de armas químicas nem de quem seria a responsabilidade", segundo um porta-voz de Dowing Street.
Cameron repetiu que há "poucas dúvidas" de que o regime de Damasco tenha efetuado um ataque químico na quarta-feira passada perto de Damasco, segundo um documento sobre a conversa entre os dois.
O chefe de governo britânico manifestou dúvidas sobre a capacidade dos rebeldes de realizar um ataque como esse e indicou que o regime havia lançado uma grande ofensiva na região nos dias anteriores.
"O regime também impediu o acesso da ONU (à região) imediatamente (depois do suposto ataque químico), o que leva a crer que eles tinham alguma coisa a esconder", considerou ainda Cameron ao presidente Putin.
Os dois líderes reafirmaram o compromisso assumido pelos dirigentes do G-8 em junho de não deixar que ninguém utilize armas químicas sem que haja uma resposta da comunidade internacional.
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