Ex-mulher de promotor argentino levanta dúvidas sobre hipótese de suicídio
Alberto Nisman acusou Cristina Kirchner e assessores de acobertarem suspeitos de atentado
Internacional|Do R7
A ex-mulher do promotor argentino Alberto Nisman, Sandra Arroyo Salgado, pôs em dúvida nesta terça-feira (20) a hipótese de suicídio, a principal ventilada pelos investigadores após o encontrarem morto em seu apartamento com um tiro na cabeça e a arma ao lado do corpo.
"Acho que não foi um suicídio", disse Sandra para uma multidão de jornalistas em frente à procuradoria de Viviana Fein, responsável pela investigação da "morte duvidosa" de Nisman.
O promotor foi encontrado morto na madrugada de segunda-feira (19), horas antes de se apresentar no Congresso, onde deveria explicar a denúncia contra a presidente Cristina Kirchner de acobertamento dos terroristas iranianos que mataram 85 pessoas no atentado contra o centro judaico Amia em 1994.
Arroyo deporá hoje para Fein, que também interrogou os assessores de Nisman, o colega que emprestou a arma de onde saiu a bala alojada em sua cabeça e o proprietário do edifício em que vivia.
Os dados das provas conhecidas até o momento não são determinantes para estabelecer a causa da morte.
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Segundo os resultados provisórios da autópsia, em sua morte "não houve intervenção de terceiras pessoas"; mas a varredura eletrônica para determinar se havia pólvora nas mãos do promotor, divulgada hoje, "deu negativo".
Fein disse hoje que na casa de Nisman foi encontrada uma nota com uma lista de compras para ser feita segunda-feira, o mesmo dia em que foi encontrado morto, que seria para sua empregada doméstica, o que gerou outra dúvida sobre a hipótese de suicídio.
Por esse motivo, Fein solicitou ao Fisco argentino dados de Nisman para checar se ele havia contratado funcionários domésticos para tentar identificar essa pessoa e intimá-la a depor, informou a agência de notícias oficial Télam.
O ex-vice-presidente da Daia (Delegação de Associações Israelitas Argentinas) Jorge Kirszenbaum assinalou que a lista de compras de segunda-feira foi vista também por familiares de Nisman que assistiram à revista do apartamento do promotor.
Para Kirszenbaum é um novo indício de que Nisman "não tinha nenhuma intenção de se suicidar".