Família de jovem negro morto por polícia nos EUA recebe indenização no valor de R$24 milhões

De acordo com as investigações, Freddie Gray pode ter sido submetido à prática conhecida como "passeio do cowboy"

08/09/2015 - 14h21 (Atualizado em 24/02/2024 - 20h09)

A família de Freddie Gray, jovem negro de Baltimore que morreu em abril em consequência dos graves ferimentos que sofreu enquanto estava sob custódia policial receberá uma indenização de R$ 24 milhões (US$ 6,4 milhões), publicou nesta terça-feira (8) o jornal Washington Post.

A morte de Freddie Gray, de 25 anos, reacendeu o conflito racial dos Estados Unidos com protestos, saques e distúrbios que provocaram a declaração de estado de emergência em Baltimore, assim como o desdobramento da Guarda Nacional, a instauração do toque de recolher e centenas de detenções.

Segundo o jornal, funcionários da cidade de Baltimore anunciarão hoje oficialmente o acordo para compensar com R$ 24 milhões (US$ 6,4 milhões) pela via civil a família de Gray, que morreu após passar uma semana em coma em consequência de uma lesão de coluna sofrida durante sua detenção. Seis agentes da polícia local — três negros e três brancos — são acusados da morte de Gray.

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A acusação mais grave, de assassinato em segundo grau, foi apresentada contra o agente afro-americano Caesar Goodson, que conduzia a viatura em que Gray se machucou.

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Gray pode ter sido submetido à prática conhecida como "passeio do cowboy", em que os detidos são levados sem cinto de segurança na parte de trás do veículo entre freadas fortes e giros bruscos para que se machuquem.

Semana passada um juiz decidiu que os seis policiais acusados responderão separadamente à Justiça. Esta semana o juiz Barry Williams deverá decidir se os julgamentos dos agentes, que se declararam inocentes, acontecerão fora ou dentro da cidade de Baltimore.

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A indenização concedida à família de Gray é maior que a compensação de US$ 5,9 milhões paga aos familiares do afro-americano Eric Garner, que morreu em julho do ano passado quando um policial de Nova York praticou uma chave de estrangulamento não autorizada.

Os casos de Garner e Gray não são os únicos recentes de mortes de afro-americanos por policiais. Michael Brown em Ferguson (Missouri) e Tamir E. Rice, de apenas 12 anos, em Cleveland (Ohio), também morreram nessas circunstâncias.

Moradores da cidade de Baltimore, nos EUA, voltaram às ruas da cidade nesta sexta-feira (1°) para celebrar o anúncio de que seis policiais serão acusados pelo homicídio do jovem negro Freddie Gray, que morreu sob custódia policial em abril, o que gerou protestos violentos na cidade

Os seis policiais, que tinham sido suspensos na semana passada, serão
acusados por homicídio involuntário, acrescentando que foi emitido hoje
um mandado de detenção

De acordo com os resultados do inquérito e da autópsia, o homem morreu
de uma “ferida que lhe foi fatal, enquanto seguia no veículo da polícia,
sem cinto de segurança”

Também em agosto, um homem negro foi morto a tiros pela polícia, em St. Louis. A ocorrência novamente gerou protestos, que já haviam ocorrido 10 dias antes, quando manifestantes relembraram a data em que outro adolescente negro, desarmado, morreu após se baleado por policiais, na cidade de Ferguson
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Os protestos, que começaram ainda antes da morte de Gray, se intensificaram e a violência durou cerca de dez dias. Mais de 120 pessoas ficaram feridas e 486 foram presas, além de diversos atos de vandalismo, como mais de 150 veículos incendiados em toda a cidade. Os seis policiais que tinham a custódia de Freddie Gray foram todos absolvidos

Depois da morte de Freddie Gray e do anúncio de que ele teria morrido de
uma fratura da vértebra cervical, Baltimore tem sido palco de
manifestações diárias, que resultam em confrontos com a polícia

Lojas e outros estabelecimentos foram saqueados e pelo menos sete policiais ficaram feridos. Durante os distúrbios, familiares de Gray, pastores e autoridades da cidade imploravam para que as manifestações fossem pacíficas

Os policiais detiveram Gray e encontraram uma navalha num dos bolsos da
calça do rapaz. Não se sabe, até o momento, se os policiais suspeitavam
que ele tinha uma arma branca antes do momento da sua detenção

Depois,
ele foi transportado num carro policial, onde sofreu uma lesão cervical,
que acabou por determinar a sua morte uma semana depois. Seis agentes
da polícia foram suspensos

Freddie Gray transformou-se num novo símbolo, como já tinha acontecido
com o adolescente afro-americano Michael Brown (morto a tiros por um
polícial em Ferguson, Missouri) no verão de 2014, da violência policial e
da atitude de desconfiança que existe entre as forças policiais e as
minorias nos Estados Unidos

O júri (formado por sete pessoas brancas, três negras e duas hispânicas), que votou em três ocasiões, não alcançou um veredicto sobre o caso, o que causou a anulação do julgamento e mais indignação entre a população negra

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