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Fim do narcotráfico é um dos pontos mais difíceis de acordo na Colômbia, diz especialista

Se houver aprovação em referendo, mais de 7 mil combatentes serão reinseridos na sociedade

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Reforma agrária, enfim, terá todas as condições de ocorrer
Reforma agrária, enfim, terá todas as condições de ocorrer

Com o texto do acordo de paz entre o governo e a guerrilha encabeçada pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), na quarta-feira (24), depois de quase quatro anos de conversas em Havana, a Colômbia finalmente abriu caminho para vencer o narcotráfico que, ao longo dos anos, se tornou base de sustentação financeira dos guerrilheiros. 

Justamente por isso, o professor Alejandro Villanueva Bustos, da Universidade Nacional da Colômbia e um dos maiores especialistas mundiais no tema, afirma que as negociações não foram nada fáceis. E precisam prosseguir na prática.

— Esta questão (fim do narcotráfico) é uma das mais difíceis da negociação. No acordo será levado em conta que o consumo de drogas não é um assunto penal mas um problema de saúde pública. Por outro lado as Farc serão encarregadas de ajudar o governo a erradicar os cultivos de coca e maconha. E, por último, a Justiça colombiana se compromete a perseguir os narcotraficantes em todo o território colombiano.

Governo da Colômbia e Farc anunciam acordo final de paz


O especialista ressalta que, caso a população aprove o acordo, em referendo no próximo da 2 de outubro, mais de 7 mil combatentes serão reinseridos na economia e na vida civil, dentro de uma nova estratégia que o governo do presidente Juan Manuel Santos, no poder desde 2010, terá de adotar para que o país entre em um ciclo de desenvolvimento e superação de problemas sociais. E, segundo o professor, a reforma agrária, enfim, terá todas as condições de ocorrer no país, após 52 anos de conflito.

— Comemorou-se (na Colômbia) a grande importância da solução do conflito pela terra, mais conhecido como conflito agrário, que foi na década de 60 (1964) o detonador para o surgimento da insurgência armada das Farc. Significa (o acordo) a possibilidade de se fazer uma reforma agrária integral.


Exercício de perdão

Na opinião de Bustos, os quase quatro anos de conversações só puderam ser bem-sucedidos porque, a cada dia, foi necessário um exercício de perdão de ambos os lados. Que terá de continuar existindo, mesmo com o acordo. Críticos do texto revelam indignação com as facilidades obtidas por vários combatentes que cometeram crimes. O governo rebate, dizendo que o custo de reinserir os rebeldes na sociedade é bem menor do que os gastos do conflito, posição com a qual Bustos concorda.


— Deve-se ter em conta que as vítimas do conflito armado foram geradas pela guerrilha, o governo, o exército e elites locais, mas é fundamental que da parte da guerrilha se reconheça uma verdade histórica sobre suas responsabilidades no conflito, que sejam submetidos à Justiça e que as Farc possam contribuir para uma reparação econômica e moral destas vítimas.

Para o acadêmico, a participação política, especialmente da esquerda na Colômbia, sempre foi muito difícil e ficará facilitada agora, algo que não ocorria nas décadas de 1980, 1990 e 2000, quando verdadeiros genocídios se seguiam. Ele comenta que foi uma época na qual todos os lados - paramilitares, a força militar, elites locais e narcotraficantes - cometeram atrocidades. Foram assassinadas mais de 6 mil pessoas durante o conflito.

Por que o acordo de paz entre Colômbia e Farc é histórico

— Neste novo contexto os líderes das Farc vão poder participar da política sem armas, disputar cargos em eleições populares e serão protegidos desta vez pela polícia e pelo exército para evitar que se repitam as mortes do passado.

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