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O assassinato do jovem de 18 anos Michael Brown (à esquerda superior), baleado por um policial em Ferguson, nos Estados Unidos, no último dia 9, despertou uma onda de protestos no Estado de Missouri e em todo o país. De acordo com a polícia, Brown teria tentado roubar pacotes de cigarros e foi agressivo antes de ser alvejado.
Entretanto, segundo uma testemunha ocular, Brown estava a caminho da casa de um parente e teria levantado as mãos ao receber o primeiro tiro.
Como a grande maioria da população, Brown era um jovem afro-americano, o que gerou ainda mais revolta nos civis. Para eles, atitudes violentas como essa mostram a dificuldade dos Estados Unidos de superarem os problemas raciaisMontagem R7
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No dia seguinte ao assassinato, um grupo de pessoas foi até o lugar onde Brown estava para protestar contra a polícia. As manifestações começaram de forma pacífica, inclusive com a presença de crianças e mulheres. Porém, no fim da noite, dezenas de homens entraram em confrontos com a polícia.
Durante os protestos, lojas foram depredadas e saqueadasAP/Charlie Riedel
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Diante da violência, os pais do jovem (foto) pediram que os protestos fossem pacíficos, mas não escondiam sua tristeza e indignação. A família contratou o mesmo advogado que representou o caso de Trayvon Martin, um adolescente negro e desarmado que foi morto a tiros por um guarda comunitário em 2012.
"Ele acabou de se formar e ia para faculdade", disse Lesley McSpadden, mãe de BrownREUTERS/Mark Kauzlarich
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A partir daquele momento, os policiais começaram a agir com maior violência na repressão aos manifestantes. Dezenas de pessoas foram atingidas por gás lacrimogêneo, mas os protestos continuaram.
O presidente americano, Barack Obama, criticou a violência e os saques dos manifestantes e também o uso excessivo da força policial.
"Estamos profundamente preocupados pela violência. Nosso propósito agora é que se mantenha a segurança cidadã sem que isso infrinja o direito dos cidadãos de expressar-se", disse ObamaREUTERS/Lucas Jackson
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Durante a semana, uma série de protestos continuou no Estado de Missouri. A polícia atacava com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, enquanto os civis usavam pedras e armamentos feitos em casa.
O policial que atirou em Brown, Darren Wilson, é branco e tinha seis anos de experiência profissional. De acordo com as autoridades policiais, Darren Wilson nunca apresentou nenhum comportamento negativo na atuaçãoREUTERS/Lucas Jackson
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Na tarde da última terça-feira (19), um segundo jovem foi assassinado pelos policiais em Missouri. A poucos quilômetros de Ferguson, onde morreu Brown, um outro afro-americano de 23 anos e ainda não identificado pela polícia, tentou, de acordo com a polícia local, roubar uma loja com uma faca.
De acordo com o chefe do departamento de polícia de Saint Louis, os oficiais só sacaram suas armas quando ele começou a se comportar de maneira estranha e se negou a largar a faca. O incidente segue sob investigação. Saiba maisReprodução/news.sky.com
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Porém, esta não é a primeira vez que a comunidade afro-americana se vê indignada nos Estados Unidos. As imagens dos protestos pela morte de Brown relembram as manifestações que tomaram o país nos anos 60.
A lanchonete Ben's Chili Bowl (foto), em Washington, se transformou em um reduto da comunidade afro-americana durante os anos 60, em plena luta por seus direitos civis. Depois da morte do líder do movimento, o reverendo Martin Luther King, o lugar era o único comércio que resistia ao toque de recolher. A loja era um lugar seguro para o encontro de pessoas que buscavam a solução para os confrontos ainda mais perigosos do que os de hojeAP
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Em uma entrevista à agência Efe, Arthur Rizer, ex-policial e ex-militar americano disse que observou, ao longo dos anos, a militarização da polícia local nos Estados Unidos. "Se os treinamos como soldados e os equipamos como soldados, não deveríamos nos surpreender que comecem a atuar como soldados. E a missão de um soldado é matar o inimigo", disse Rizer
REUTERS/Lucas Jackson
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De acordo com o Centro para o Jornalismo de Investigação, o Departamento de Segurança Nacional gastou cerca de R$ 70 bilhões (US$ 35 bilhões) desde 2002 no reforço das forças nacionais, principalmente na compra de equipamentos militares.
Rizer disse que ficou impressionado ao ver um policial no aeroporto de Minneapolis com a mesma arma que ele usava enquanto patrulhava uma cidade no Iraque, durante a guerraAP/Charlie Riedel
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As reivindicações dos negros no país são para que sejam mais respeitados por forças do governo. Cerca de 70% dos afrodescendentes no país afirmam que se sentem mais injustiçados pela polícia americana, de acordo com o Instituto de Pesquisa Pew
REUTERS/Lucas Jackson