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Pelo menos 26 mortos, mais de 600 feridos e um país em luto. O clima de guerra que domina Kiev e outras cidades da Ucrânia parece não ter data para acabar. A violência fica explícita nos confrontos entre contrários ao governo e a polícia na capital. Dentre os mortos, há civis, manifestantes e policiais
Montagem/ R7
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Kiev amanheceu sob as cinzas nesta quarta-feira (19). As forças de segurança deram início, na noite da última terça-feira (18), ao desalojamento de milhares de manifestantes hostis ao presidente Yanukovytch reunidos no centro de Kiev, na Praça da Independência, ocupada há quase três meses. A desocupação gerou confrontos e um saldo de mortos e feridos
19.02.14/EFE/Alexey Furman
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Tendo à frente três veículos blindados equipados com canhões de água, centenas de 'berku' — os temidos integrantes das forças antimotins — começaram a avançar para a Praça da Independência, atravessando várias barricadas erguidas em vão para tentar detê-los.
Policiais equipados com fuzis kalachnikov foram mobilizados na segunda linha18.02.14/AFP PHOTO/ ANATOLII BOIKO
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As forças de segurança progrediram muito lentamente e ocuparam vários eixos estratégicos, utilizando bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água para obrigar os manifestantes a recuar. Os militantes oposicionistas reagiam jogando pedaços de calçamento e coquetéis molotov, que incendiaram parte de um veículo blindado.
18.02.14/AP Photo/Sergei Chuzavkov
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Esses foram os primeiros atos de violência em Kiev desde os registrados no fim de janeiro, que deixaram quatro mortos, incluindo duas pessoas alvejadas com armas de fogo, e mais de 500 feridos
19.02.14/REUTERS/Maks Levin
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O presidente decretou luto nacional na próxima quinta-feira (20), em homenagem aos 25 mortos em Kiev nos confrontos e ações das forças de segurança na terça-feira (18). Enquanto isso, a Rússia fez um apelo para que a oposição pare o derramamento de sangue
19.02.14/AFP PHOTO/SERGEI SUPINSKY
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A violência se estendeu pelo oeste da Ucrânia. Várias cidades, locais da oposição nacionalista que enfrenta o presidente Viktor Yanukovich, foram palco na madrugada desta quarta-feira (19) de uma onda de ataques e desordens públicas.
Segundo a imprensa local, milhares de manifestantes atacaram nesta madrugada um quartel das Forças de Interior em Lviv (foto), considerada por muitos como berço do "separatismo ocidental" e o nacionalismo ucraniano. Os ativistas invadiram o quartel e lançaram coquetéis Molotov, ateando fogo a várias instalações na zona. No entanto, a polícia conseguiu acalmar os atacantes e impedir que estes pegassem em armas de fogo armazenadas no quartel19.02.14/REUTERS/Marian Striltsiv
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Os protestos começaram em novembro, depois da desistência do governo em assinar um acordo de associação com a União Europeia. Depois de um longo período de negociações com o bloco europeu, o presidente Viktor Yanukovytch preferiu uma reaproximação com a Rússia
18.02.14/EFE/SERGEY DOLZHENKO
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A questão, no entanto, é mais complexa e tem raízes na história recente do país, nascido após a desintegração da ex-União Soviética. O país está no meio de uma disputa de forças entre grupos que querem mais proximidade com a União Europeia e outros que têm mais afinidade com a Rússia
18.02.14/EFE/SERGEY DOLZHENKO
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Milhares de ucranianos que eram a favor do acordo foram para as ruas da capital, exigindo que o presidente mudasse a decisão, mas ele se recusou, o que deu mais ânimo aos protestos. Quando a tropa de choque entrou em ação no dia 30 de novembro, as imagens dos soldados acabando com um protesto de estudantes e deixando dezenas de feridos apenas aumentou a insatisfação com o presidente, inflando as multidões na Praça da Independência
19.02.14/AFP PHOTO/SERGEI SUPINSKY
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Para tentar acalmar os ânimos, o primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, renunciou no dia 28 de janeiro. De acordo com a Constituição do país, a renúncia do primeiro-ministro significa a dissolução do governo todo. Azarov disse que pediu pessoalmente ao presidente Viktor Yanukovich que aceite sua renúncia em prol de um acordo para encerrar pacificamente o conflito interno no país
18.02.14/AFP PHOTO / YURIY DYACHYSHYN
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Um fiel colaborador de Yanukovich, o premiê apoiou em novembro a decisão de abandonar o acordo de livre comércio com a União Europeia para aproximar-se ainda mais da Rússia.
No mesmo dia da renúncia de Yanukovich, o Parlamento anulou uma série de leis repressivas numa tentativa de resolver a crise que abala o país18.02.14/REUTERS/Stringer
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Os manifestantes são, sobretudo, de Kiev e do oeste da Ucrânia, região mais pró-Europa. Do outro lado do espectro político, os pró-Rússia geralmente vivem no leste do país, onde o russo é a língua dominante, um resquício dos tempos da União Soviética.
Além da questão da integração com a Europa, acusações de corrupção contra integrantes do atual governo, pró-Rússia, também têm motivado os protestos18.02.14/AFP PHOTO / OLEKSANDR RATUSHNIAK