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Mulheres protestam em Cabul contra imposição do véu integral

Imposição é feita pelo governo, que diz preferir a burca, que cobre integralmente as mulheres e tem uma grade na altura dos olhos

Internacional|

Mulheres usando véu em rua de Cabul, no Afeganistão
Mulheres usando véu em rua de Cabul, no Afeganistão Mulheres usando véu em rua de Cabul, no Afeganistão

Um grupo de pelo menos 12 afegãs, a maioria com o rosto descoberto, protestou nesta terça-feira (10) nas ruas de Cabul contra a decisão do regime talibã de tornar obrigatório o uso do véu integral em público para as mulheres.

"Justiça, justiça! A burca não é meu hijab", gritaram as manifestantes, que conseguiram caminhar por 200 metros antes de serem dispersadas por talibãs, que obrigaram a imprensa a deixar o local.

No sábado (7), o governo publicou um decreto, aprovado pelo líder supremo talibã e do Afeganistão, Hibatullah Akhundzada, que ordena às mulheres que se cubram da cabeça aos pés, incluindo o rosto, quando estão em público.

Os talibãs afirmaram que, em nome da tradição, preferem a burca, véu integral normalmente de cor azul que cobre integralmente as mulheres e tem uma grade na altura dos olhos. Mas explicaram que outros véus, que deixam apenas os olhos descobertos, também serão tolerados.

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Também pediram às mulheres, caso não tenham um motivo imperioso para sair, "que permaneçam em casa".

"Queremos viver como seres humanos, não como animais, trancadas em um canto das casas", disse uma das manifestantes, Saira Sama Alimyar.

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Em Cabul, o decreto talibã não surtiu efeito imediato e muitas mulheres continuam caminhando pelas ruas com o rosto descoberto.

As novas restrições, criticadas pela ONU e o governo dos Estados Unidos, confirmam a radicalização dos talibãs, que retornaram ao poder em agosto do ano passado. Em um primeiro momento, o movimento tentou mostrar uma face mais aberta que durante o governo anterior, entre 1996 e 2001, quando privaram as mulheres de todos os seus direitos e exigiram o uso da burca.

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Entre o fim do governo talibã em 2001 e a saída do Afeganistão das últimas tropas estrangeiras no ano passado, as afegãs voltaram a estudar e foram integradas ao mercado de trabalho, apesar do forte conservadorismo do país. 

Mas a realidade é que, desde agosto, os islamistas excluíram progressivamente as mulheres dos empregos no setor público, proibiram que frequentem o ensino médio e restringiram os direitos de deslocamento.

Várias ativistas foram detidas, algumas durante semanas, e as manifestações são cada vez mais raras.

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