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Nova Constituição do Egito é aprovada por 63,8%

Oposição liberal se mostrou pessimista e teme radicalização do país

Internacional|Do R7

Egípcias cortaram os cabelos em protesto contra a nova Constituição do país
Egípcias cortaram os cabelos em protesto contra a nova Constituição do país

O projeto de Constituição promovido pelos islamitas no poder no Egito foi aprovado por 63,8% dos eleitores, ao final do referendo realizado em meio à crise política que abala o país, informou nesta terça-feira (25) a comissão eleitoral.

A taxa de participação foi de 32,9%, precisou Samir Aboul Maati, presidente da comissão, em entrevista coletiva.

Momentos antes, o ganhador do Nobel da Paz e ex-diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) Mohamed ElBaradei, que dirige a Frente de Salvação Nacional (FSN, principal coalizão da oposição laica), reconheceu que seria anunciada a vitória dos defensores do projeto.

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"Será aprovado, mas, para mim, é um dia muito triste para o Egito, já que a instabilidade será institucionalizada", declarou ao canal de TV americano PBS.

Segundo ElBaradei, a nova Constituição será considerada provisória, até que seja redigida outra, baseada em um consenso.


"Até agora, (o presidente egípcio, Mohamed) Mursi não chegou ao restante do país, e precisa fazê-lo, porque é onde está a reserva de gente qualificada que pode fazer a economia arrancar", assinalou.

A Irmandade Muçulmana, partido de Mursi, e a mídia oficial informaram que 64% dos eleitores aprovaram a Constituição, ao fim das duas fases do referendo, realizadas em 15 e 22 de dezembro. Segundo os islamitas, o índice de participação foi de 32%.


A FSN questionou o resultado, alegando que o mesmo se deveu "a fraudes, violações e irregularidades". Para a Frente, o referendo "não representa o fim do caminho, apenas uma batalha" no combate ao poder do presidente Mursi.

Se a declaração for declarada aprovada, o Egito terá que realizar eleições legislativas até o fim de fevereiro.

Há semanas, o projeto de Constituição está no centro da crise mais grave registrada no Egito desde a eleição de Mursi, em junho. A tensão entre partidários e opositores de Mursi terminou, na noite do último dia 5, em confrontos nos arredores do palácio presidencial, que deixaram oito mortos e centenas de feridos.

Segundo a oposição, o texto abre caminho para interpretações severas do islã, e oferece poucas garantias de determinadas liberdades, apesar das aspirações democráticas que surgiram da revolta contra Hosni Mubarak, que dirigiu o Egito por três décadas.

Para os defensores do "sim", a aprovação do texto dotará o país de um marco constitucional estável. Trata-se de um argumento destinado a seduzir os egípcios que estão preocupados, após dois anos de uma transição turbulenta.

A agência de classificação de risco Standard and Poor's rebaixou ontem em um escalão a nota a longo prazo do país, de "B" para "B-", com perspectiva negativa, devido à tensão política.

No momento em que a instabilidade política é acompanhada de aumento da dívida e queda do turismo, o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou este mês o congelamento de um pedido do Cairo para obter um empréstimo de 4,8 bilhões de dólares, e a Alemanha, a suspensão do perdão parcial da dívida egípcia.

É previsto que, em contrapartida ao empréstimo do FMI, o Egito aplique medidas de ajuste orçamentário.

O embaixador da União Europeia no Cairo, James Moran, considerou "importante criar confiança. A situação atual é frágil, e, o quanto antes o empréstimo do FMI for concretizado, melhor", comentou.

Antes da primeira fase do referendo, Mursi congelou uma série de aumentos impopulares de impostos sobre produtos como cigarros e refrigerantes.

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