Obama fecha o cerco contra armas para evitar novos massacres nos EUA
Presidente anunciou 23 medidas para dificultar a compra e venda de armas
Internacional|Do R7, com agências internacionais
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta quarta-feira (16) 23 ordens executivas para endurecer o controle sobre as armas, entre elas a proibição de venda de armas de assalto, a exigência de comprovação de antecedentes criminais para todas as vendas, o aumento da cobertura médica em saúde mental, além de maior segurança nas escolas.
Essas medidas, que não precisam passar pelo Congresso, foram anunciadas por Obama em resposta ao massacre em uma escola primária na cidade de Newtown, em 14 de dezembro passado, quando foram assassinadas 20 crianças, além de seis adultos.
Com o pacote de medidas, Obama fecha ainda mais o cerco contra o lobby das armas, que defende o direito dos norte-americanos de possuírem os artefatos.
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Durante seu discurso hoje na Casa Branca, ao lado do vice-presidente Joe Biden, Obama disse que a principal "responsabilidade" da sociedade americana deve ser proteger as crianças da violência.
— Embora reduzir a violência armada seja um desafio complicado, proteger nossas crianças dessa violência não deve ser um assunto que nos divida.
Ao ato foram convidadas também várias crianças que escreveram cartas ao presidente durante o último mês, preocupadas pela violência por causa da tragédia da escola Sandy Hook, em Newtown.
Obama leu fragmentos de uma carta escrita por uma das meninas presentes, que lhe pedia que "trabalhe duro" para frear a violência e as mortes causadas pelas armas nos EUA.
— Farei tudo o que estiver nas minhas mãos para conseguir isso. Mas a única forma de concretizar essa mudança é se o povo americano se unir e exigir [mudanças].
Além disso, o mandatário destacou que, para conseguir uma mudança "real e durável", o Congresso "deve atuar" e aprovar leis que complementem os decretos presidenciais anunciados hoje.
— Junto com nossa liberdade de viver nossas vidas vem a obrigação de permitir a outros que façam o mesmo.
Guerra de interesses
As medidas são mais um capítulo na longa briga que o governo democrata vem travando no último mês com a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), que defende o porte de arma no país.
A Casa Branca classificou como repugnante e covarde um vídeo de propaganda feito pela NRA que acusa o presidente de hipocrisia por usar escoltas armadas para proteger suas filhas, enquanto nega o mesmo direito aos outros estudantes.
"A maioria dos americanos concorda que os filhos de um presidente não devem ser usados como argumento em um debate político. Mas fazer que a segurança dos filhos do presidente seja alvo de um ataque é repugnante e covarde", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Em um vídeo de 35 segundos postado em seu site, a NRA chama Obama de "elitista hipócrita" por concordar que o Serviço Secreto proteja suas filhas, mas querer impedir que as escolas tenham guardas armados.
"As filhas do presidente são mais importantes que seus filhos?", questiona o narrador da propaganda.
Durante seu discurso, Obama reiterou seu apoio à Segunda Emenda da Constituição americana, que prevê o direito ao porte armas, e aos proprietários "responsáveis".
O vice-presidente Biden, que liderou nas últimas semanas um grupo de trabalho encarregado de apresentar propostas a Obama sobre o controle de armas, declarou que é uma "obrigação moral" fazer todo o possível para que massacres como o de Newtown não se repitam.