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Polícia filipina age como submundo do crime em guerra às drogas, diz Anistia Internacional

Autoridades teriam feito "listas de vigilância" que, na prática, eram listas de alvos

Internacional|Do R7

Polícia teve um índice de 97% de mortes nas operações antidrogas
Polícia teve um índice de 97% de mortes nas operações antidrogas

A polícia responsável pela guerra às drogas nas Filipinas vem se comportando como o submundo do crime que deveria estar eliminando, recebendo pagamentos por assassinatos e levando corpos a casas funerárias, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (1º).

O relatório da Anistia Internacional disse que a onda de assassinatos relacionados às drogas vista desde que o presidente filipino, Rodrigo Duterte, assumiu em meados de 2016 parece ser "sistemática, planejada e organizada" pelas autoridades, e pode constituir crime contra a humanidade.

Respondendo a estas conclusões, o porta-voz presidencial, Ernesto Abella, defendeu a PNP (Polícia Nacional Filipina), dizendo que nenhum assassinato extrajudicial teve patrocínio estatal e que investigações de comitês do Senado o provaram.

— Não existe política de mortes extrajudiciais patrocinadas pelo Estado, e há um esforço incansável da parte da PNP para realizar a campanha apropriadamente e dentro dos processos legais.


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Em uma série de reportagens do ano passado, a Reuters mostrou que a polícia teve um índice de 97% de mortes nas operações antidrogas, a maior prova já vista de que a corporação está matando sumariamente suspeitos destes crimes.

As reportagens da Reuters também revelaram que autoridades de baixo escalão de bairros pobres ajudaram a polícia a formular "listas de vigilância" de supostos usuários e traficantes de drogas que, na prática, eram listas de alvos, já que muitas das pessoas mencionadas acabaram mortas.


Duterte usou dados exagerados e inexatos, incluindo o número de usuários de drogas das Filipinas, para justificar sua repressão antinarcóticos, de acordo com uma investigação da Reuters.

A divulgação do relatório da Anistia, que se baseou em 59 mortes em 20 cidades grandes e pequenas, vem à tona em meio à incerteza sobre a repressão depois que o governo suspendeu todas as operações antidrogas da polícia na segunda-feira devido à corrupção desenfreada. Agora a Agência de Repressão às Drogas filipina é quem comanda a campanha.

Duterte tomou essa decisão depois de uma reunião de segurança ocorrida no domingo, desencadeada pelo sequestro e assassinato de um empresário sul-coreano pelas mãos de um esquadrão antidrogas da polícia. Ele disse que o incidente, que aconteceu na sede da polícia nacional, constrangeu o país e manchou a imagem da polícia.

A Anistia disse que a grande maioria das mortes que investigou "parece terem sido execuções extrajudiciais – assassinatos ilegais e deliberados cometidos por ordem do governo ou com sua cumplicidade e aquiescência".

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