Presidente do México diz que 'guerra às drogas' acabou
Em discurso, Andrés Manuel López Obrador afirmou que o foco da segurança pública mexicana passará a ser na prevenção, não enfrentando carteis
Internacional|Fábio Fleury, do R7
Nos últimos 12 anos, o México vem enfrentando com forças militares os carteis do narcotráfico, numa escalada de violência que matou milhares de pessoas. Segundo o presidente Andrés Manuel López Obrador, esses dias chegaram ao fim.
Em um pronunciamento na última quarta-feira (30), o presidente afirmou que "oficialmente já não há guerra às drogas" no México. "Vamos conseguir a paz", declarou ele.
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López Obrador, que assumiu o governo no início de dezembro, afirmou que o número de homicídios cometidos diariamente no país caiu.
"Ontem (terça-feira) me senti satisfeito. Segundo nossos registros, houve apenas 54 homicídios, quando a média diária era de 80. É isso o que importa, diminuir os assassinatos, o número de roubos, que não haja sequestros. Isso é o fundamental, não o espetacular", disse.
Mudança de foco
Segundo o presidente, o foco das forças de segurança está deixando de ser a prisão dos grandes chefes dos carteis. "A função principal do governo é garantir a segurança pública, não é mais nossa estratégia deter os chefões".
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Dados da Secretaria da Defesa Nacional mexicana mostram que o número de operações do exército nas regiões produtoras de maconha e papoula caíram consideravelmente no primeiro mês do governo de López Obrador.
As apreensões de droga também diminuíram nesse período. Por outro lado, aumentou o número de prisões nas cidades, assim como o de apreensão de armas.
Ainda falta muito
Para a jornalista canadense Dawn Paley, professora da Universidade Autônoma de Puebla, no México, as declarações do presidente podem refletir uma mudança no modo de combate à violência, mas que são necessárias ações mais concretas.
"Essa é uma importante mudança no discurso público, mas por enquanto é apenas isso. Para realmente acabar com a guerra às drogas, é necessário um esforço muito sério para legalizar e descriminalizar narcóticos", afirmou a professora, em entrevista ao R7.
As medidas para isso ainda não foram tomadas, segundo Paley: "existe um projeto de lei para descriminalizar a maconha em tramitação no Senado agora, mas nada além disso".