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Radicalismo do Boko Haram faz com que muçulmanos se convertam ao cristianismo, diz ex-líder nigeriano

Maioria dos islâmicos não concorda com atos de violência e interpretação rígida do Corão

Internacional|Marta Santos, do R7

Membros do Boko Haram agem de forma violenta no norte da Nigéria para defender seus ideais radiais
Membros do Boko Haram agem de forma violenta no norte da Nigéria para defender seus ideais radiais Membros do Boko Haram agem de forma violenta no norte da Nigéria para defender seus ideais radiais

O grupo Boko Haram, responsável pelo sequestro de mais de 200 estudantes na Nigéria, defende ideais baseados em uma interpretação radical da sharia, a lei islâmica.

Considerados terroristas, eles usam "táticas de violência para tentar impedir que muçulmanos se convertam ao cristianismo e para recrutar novos fiéis", explica Beruck Nwabasili, ex-presidente da Comunidade Nigeriana em São Paulo.

No norte do país, a maioria das pessoas é muçulmana, "mas nem todas interpretam o Corão [o livro sagrado do Islã] da mesma forma que o Boko Haram. A convivência entre cristãos e islâmicos no resto do país é pacífica”, diz Nwabasili.

— Devido a esse radicalismo, muitos muçulmanos estão sendo convertidos ao cristianismo. Eles começaram os ataques a igrejas porque estavam perdendo seguidores.

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Nwabasili afirma que "eles querem instaurar suas ideias para que elas vigorem no lugar da lei constitucional" e que a intenção do grupo é de estabelecer um Estado islâmico na Nigéria, hoje, um país laico.

Denúncias

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Em 2009, o então presidente da Nigéria, Umaru Yar'Adua, se afastou do cargo para tratar de problemas de saúde e seu vice, Goodluck Jonathan, assumiu para cumprir o último ano do mandato. Nas eleições do ano seguinte, Jonathan, que é cristão, concorreu e ganhou a Presidência nigeriana.

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Insatisfeitos com a eleição, “políticos opositores prometeram que fariam com que o governo dele se tornasse impossível. Eles acham que a Presidência sempre tem que pertencer a eles”, afirma Nwabasili.

— Já houve acusações de que eles que introduziram o Boko Haram na Nigéria, para cumprir a palavra deles de fazer com que o mandato do atual presidente fosse ingovernável.

O nigeriano diz que as acusações eram públicas e que foram divulgadas por jornais no país, mas o presidente não deu a devida atenção até que o Boko Haram começou a atuar de forma mais violenta.

— Nessa altura, eles começaram a agir de forma autônoma, mas ainda financiado por alguns políticos, que todos no país sabem quem são.

Para Nwabasili, o financiamento do grupo terrorista é uma forma com a qual alguns políticos opositores do APC (Partido de Todos os Progressistas) encontraram de enfraquecer o presidente para que ele não se candidate nas eleições presidenciais de 2015.

Direitos humanos

O professor da Unesp e pesquisador da área de direitos humanos, Sérgio Aguilar, afirma que as ações do Boko Haram podem ser consideradas ações contra os direitos humanos, já que o grupo é acusado de praticar o genocídio, ou seja, o assassinato com intenção de destruir total ou parcialmente um grupo nacional, étnico, racial ou religioso.

Além disso, o encarceramento ou privação da liberdade física, o estupro e a perseguição de um grupo também são considerados crimes contra a humanidade.

Aguilar diz que, caso seja comprovada a ligação de políticos ou mesmo de outras pessoas com o Boko Haram, os envolvidos podem ser penalizados pelos crimes cometidos pelo grupo.

— Segundo o estatuto do TPI [Tribunal Penal Internacional], um indivíduo será penalmente responsável se cometer esse crime individualmente, em conjunto com outrem ou por meio de outrem. Se ordenar, propuser ou induzir a prática de tal crime. Ajudar, encobrir ou colaborar na prática ou tentativa do crime.

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