Resorts temem que lojas de maconha prejudiquem indústria bilionária do esqui no Colorado
Uso da substância por maiores de 21 anos foi legalizado, mas fumo não é permitido em público
Internacional|Do R7
Resorts de esqui do Colorado estão tomando providências para garantir que sua bilionária indústria não seja afetada pelas lojas de maconha previstas para abrir já começo do ano que vem, quando muitas famílias planejam suas férias de inverno.
Para alguns esquiadores e praticantes de snowboard, descer a montanha com um baseado ou um cachimbo dentro do casaco de inverno já era comum. Mas, com a inauguração das lojas de maconha no dia 1º de janeiro — e um punhado de empresas oferecendo passeios de esqui baseados na cannabis — o futuro parece um pouco confuso.
Fica a pergunta: a indústria do turismo da maconha vai crescer ou as famílias vão preferir os resorts dos Estados em que o consumo da erva ainda é proibido? As informações são da agência de notícias Associated Press.
Os riscos são altos para uma indústria que já se preocupa com o aquecimento global, com avalanches ou simplesmente com uma temporada ruim de inverno.
Jennifer Rudolph, da Colorado Ski Country USA, uma associação comercial que representa 21 resorts no Estado, afirma que a indústria do esqui movimenta, anualmente, cerca de US$ 3 bilhões, e o Colorado recebeu mais de 11 milhões de esquiadores no ano passado — mais do que qualquer outro Estado.
— Nós nos antecipamos e já estamos informando o que o público pode esperar quando vier ao Colorado para esquiar. Estamos divulgando que temos muitas coisas a oferecer aos turistas, mas maconha não é uma delas. O que temos a oferecer supera o fato de que a maconha foi legalizada.
Ainda segundo Jennifer, a associação mantém os visitantes informados, por meio das redes sociais, sobre as novas leis da maconha, aprovadas no ano passado e que permitem o consumo em pequenas quantidades por adultos maiores de 21 anos, inclusive turistas. Alguns resorts também estão abordando a questão com câmaras de comércio de suas respectivas cidades.
Jennifer diz que não soube de ninguém que tivesse desistido de esquiar no Colorado por causa da legalização da maconha, e ainda é muito cedo para apontar o que vai acontecer a partir de 1º de janeiro.
— É por isso que já estamos instruindo as pessoas quanto ao que elas podem e não podem fazer. O ponto de partida é que os hóspedes não devem esperar a fumar maconha em público em um resort de esqui.
Mas essa parece ser a expectativa em várias cidades do Colorado, onde ficam alguns dos mais populares resorts. Nesses condados, a legalização da maconha foi aprovada pela grande maioria.
Em Aspen, a medida foi aprovada numa proporção de 3 para 1, e mais de dois terços dos votantes também aprovaram a maconha em Vail, onde fica o maior resort do Colorado. Além disso, oito entre dez votantes de Telluride foram a favor da legalização.
Também é relativamente fácil fumar maconha nos resorts sem ser pego. Algumas áreas arborizadas fora das encostas já ganharam o apelido de “barracas de fumaça”, correspondentes a cabines que, ilegalmente, são usadas para se fumar.
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Além disso, os funcionários esperam que os visitantes respeitem a lei que proíbe o consumo de maconha em público e em áreas regulamentadas federalmente — onde ficam 90% das estações do esqui. Quem for pego fumando corre o risco de ser expulso.
Peter Johnson, da agência de turismo Colorado Green Tours, de Denver, garante que a empresa vai respeitar as leis. A agência planeja passeios em que a maconha é bem-vinda.
— O consumo certamente não será em público. Obedecemos a lei.
Johnson fundou a empresa em março e diz que está lidando com um grande atraso na maior parte das reservas de quem é fora do estado, mas ele diz não acreditar que a nova lei vá alterar alguma coisa nos resorts.
— Acredito que a maioria dos usuários é bem sensata.
Neste ano, as inundações também levaram o Colorado ao noticiário, mas isso não afetou a procura pelas estações de esqui.