Suspeito de atentado em Boston continua internado e sem poder falar
Jovem foi preso na sexta-feira (19) após uma megaoperação que durou 22 horas
Internacional|Do R7, com agências internacionais
O jovem suspeito de planejar e executar o atentado à Maratona de Boston, que foi detido na sexta-feira (19), continua internado em estado grave em um hospital da cidade sob forte proteção policial. A informação foi divulgada neste domingo (21) por uma porta-voz da Promotoria norte-americana.
Dzhokhar Tsarnaev, de 19 anos, foi capturado na sexta-feira à noite após uma ação policial cinematográfica. Seu irmão mais velho, Tamerlan, de 26 anos, que também era considerado suspeito do atentado, morreu no início da megaoperação, que vasculhou a região metropolitana de Boston por 22 horas.
A condição de saúde do jovem também foi confirmada pelo FBI (polícia federal americana), que divulgou nota a pedido do hospital: "Segundo o centro médico Beth Israel Deaconess, Dzhokhar Tsarnaev permanece em estado grave".
De acordo com o canal CNN, Dzhokhar Tsarnaev estaria "entubado e sob efeitos de sedativos".
A emissora CBS informou, com base em fontes ligadas à investigação, que o jovem tinha dois ferimentos provocados por tiros e que perdeu muito sangue. Ao mencionar um ferimento na nuca, os investigadores levantaram a hipótese de uma tentativa de suicídio, informou o canal.
Segundo o FBI, Dzhokhar trocou tiros com os oficiais em dois momentos da megaoperação de sexta: no início, quando seu irmão foi morto, e ao final, quando ele foi preso.
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No sábado (20), o governador de Massachusetts, Deval Patrick, afirmou que Dzhokhar estava em "estado grave, mas estável, embora ainda não seja capaz de se comunicar".
— Esperamos que ele sobreviva porque temos milhões de perguntas a fazer.
Os dois irmãos, que nasceram no Quirguistão, mas viveram em várias partes do Cáucaso russo, moravam nos Estados Unidos há mais de dez anos. Eles não são considerados culpados pelas explosões, mas são apontados pelo FBI como os principais suspeitos.
Investigações
Após matarem um suspeito e prenderem o outro, os Estados Unidos tentam entender agora os motivos que provocaram o atentado à Maratona de Boston, que deixou três mortos e mais de 180 feridos na segunda-feira (15).
Os investigadores não sabem com certeza se os irmãos Tamerlan e Dzhokar atuaram sozinhos.
Além do aguardado interrogatório de Dzhokhar, o FBI deve focar suas investigações em uma viagem de seis meses à Rússia feita por Tamerlan, o irmão mais velho, que foi morto.
A informação da viagem veio à tona na noite de sexta-feira, quando o FBI divulgou uma nota admitindo que, em 2011, recebeu um pedido de informações de um “governo estrangeiro” que se mostrava preocupado com o fato de que Tamerlan se preparava para deixar os Estados Unidos e viajar ao Daguestão e à Tchetchênia.
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O comunicado não diz qual “governo estrangeiro” fez o pedido, mas dois oficiais do FBI confirmaram, sob condição de anonimato, à agência de notícias Associated Press e ao jornal The New York Times que se trata da Rússia.
Segundo os oficiais, os serviços de inteligência russos monitoravam o suspeito, que, assim como o irmão, nasceu no Quirguistão, país da Ásia Central, e anos depois se mudou para os Estados Unidos, embora a família seja originária do Cáucaso russo — onde ficam o Daguestão e a Tchetchênia, de maioria muçulmana.
As duas regiões já tiveram sérios conflitos com Moscou, e somente a Tchetchênia já foi palco de duas guerras entre militantes separatistas, que buscam a independência, e forças do Exército russo.
Os conflitos levaram ao fortalecimento de movimentos extremistas islâmicos que já foram responsáveis por diversos atentados na Rússia, como ao metrô de Moscou, em 2010, com mais de 30 mortes.
Direitos do suspeito
Com o objetivo de solucionar o caso por completo, o FBI e a CIA não lerão os direitos básicos ao jovem, conhecidos como "Miranda Rights", para que ele não possa permanecer em silêncio durante o interrogatório. Esse recurso é utilizado em casos de perigo para a segurança pública.
O suspeito será interrogado por um "grupo de alto nível", formado por membros do FBI e da CIA especializados em casos de terrorismo.
O senador republicano Lindsey Graham insistiu ontem para que o governo mantenha "o suspeito de Boston como um combatente inimigo com o objetivo de reunir [informações de] inteligência".
— A última coisa que queremos fazer é conceder ao suspeito de Boston os "direitos de Miranda” para que o mesmo tenha chances de “ficar calado”.
Dzhokar, o mais novo dos irmãos, poderia ser acusado por terrorismo em nível federal, além de outras acusações por homicídio em nível estadual, segundo comentou à emissora CNN um funcionário do Departamento de Justiça.
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