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“Vejo um governo traidor do povo”, diz presidente da Sociedade Ucraniana do Brasil

Para advogado, protestos na Ucrânia tiveram sucesso, mas de forma triste

Internacional|Amanda Mont’Alvão Veloso, do R7

Manifestantes fizeram uma grande cerimonia em Kiev em memória aos mortos nos combates com a polícia
Manifestantes fizeram uma grande cerimonia em Kiev em memória aos mortos nos combates com a polícia Manifestantes fizeram uma grande cerimonia em Kiev em memória aos mortos nos combates com a polícia

Na última sexta-feira (21), o presidente da Ucrânia , Viktor Yanukovich, apertou a mão de Vitaly Klitschko, líder da oposição, em Kiev. O gesto é consequência direta de uma semana violenta na capital, na qual 77 pessoas, entre manifestantes, civis e policiais, morreram durante os protestos na Praça da Independência.

A pólvora era política, econômica e identitária: os ucranianos foram às ruas demonstrar insatisfação com a desistência do governo, em novembro, de assinar um acordo de livre comércio com a União Europeia (EU). Com o afastamento da UE, na prática, a Ucrânia reforçou os laços com a Rússia.

O aperto de mãos entre os combatentes Yanukovich e Klitschko, dentro do ringue, sela o compromisso com a antecipação das eleições, com um governo de coalizão e com uma reforma constitucional nas próximas 48 horas. Parte das demandas dos manifestantes fora atendida.

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O acordo estabelecido depois de meses de luta, porém, não convence o curitibano Roberto Oresten, neto de ucranianos e presidente da Sociedade Ucraniana do Brasil.

—O que vemos é um governo truculento que impede a democracia. As ações de protesto têm sido de sucesso, mas de forma muito triste, com a morte de muita gente.

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Oresten tem receios quanto à firmeza do acordo de Yanukovich.

— O presidente vai acabar com a reforma que ele mesmo fez. Sinceramente, não tenho confiança quanto a isso.

Sediada em Curitiba, onde vive a maioria dos cerca de 500 mil imigrantes ucranianos no Brasil, a Sociedade Ucraniana se prontifica, desde 1924, a preservar a cultura do país.

O advogado explica que, nas reuniões semanais para o ensaio do coral e da dança, a conversa entre os imigrantes e os descendentes praticamente gira em torno da revolta e da indignação com o que está acontecendo.

— O que vejo hoje é um governo traidor do povo. É autoritário, truculento, que não consegue administrar a liberdade de expressão das pessoas. Age com violência quando se vê afrontado pela população, que quer dias melhores para si e para os descendentes. O povo que está na Ucrânia hoje vem do domínio soviético. Eles não querem isso para seus filhos. 

Ainda criança, Oresten, hoje com 52 anos, se lembra do pai trocando cartas com os primos ucranianos. Os parentes mantêm contato até hoje, também por telefone.

— Meu pai trocava cartas com eles desde a época do regime soviético, e já naquele tempo, os primos narravam as barbaridades que aconteciam na Ucrânia.

Depois da independência do país, em 1991, os pais de Oresten fizeram duas visitas. O filho também viajou, em 2011. Oresten ainda quer aguardar o momento ideal.

— Sempre tínhamos a esperança de que tudo voltasse à normalidade, como é aqui no Brasil pra gente.

O alinhamento com a Rússia já era uma desconfiança desde 2013, quando o país cortou o fornecimento de gás à Ucrânia.

— Como um serviço essencial foi cortado, percebemos que haveria negociações políticas para a Ucrânia ficar mais submissa ao governo russo.

A “submissão” é lamentada pelo advogado. 

— Foram 70 anos de domínio soviético. O povo comia só o que se produzia nas colônias. Voltar ao passado e ser aliado da Rússia é dar um tiro no pé. 

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