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Visualizando as muitas maneiras de falar paz 

As muitas manifestações de paz se transformaram ao longo da história

Internacional|Do R7

Símbolo da paz está presente em toda a história
Símbolo da paz está presente em toda a história

Começou com uma briga ou a ameaça de uma. Na mitologia grega, quando o briguento deus Posseidon reivindicou a propriedade da região da Ática, ele enterrou o tridente no solo, produzindo uma fonte de água salgada para simbolizar seu poder como deus do mar. A deusa Atena contestou tal reivindicação plantando uma oliveira ali, dizendo representar paz e prosperidade, e o furioso Posseidon a desafiou a um duelo.

Zeus interveio e pediu aos outros deuses e deusas para resolverem a questão decidindo quem havia lhes dado o melhor presente. Todos os deuses votaram em Posseidon e as deusas, em Atena, mas como Zeus se absteve, o voto das mulheres superou o dos homens por um, e Atena venceu. Como padroeira da Ática, ela emprestou o nome à sua maior cidade, Atenas, e seu presente, a oliveira, virou a partir de então um símbolo da paz.

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Não que ele seja o único. De pombas brancas a faixas de arco-íris, a anjos, rifles quebrados e saudações com dois dedos, incontáveis imagens têm servido como motivos da paz ao longo dos séculos. Um novo livro, "Signs for Peace: An Impossible Visual Encyclopedia" (sinais da paz: uma enciclopédia visual impossível, em tradução livre), compilado pelo designer gráfico suíço Ruedi Baur e a esposa, a socióloga Vera Baur Kockot, apresenta centenas de imagens deles ao longo dos anos. Como seria de se esperar numa enciclopédia visual, o livro não conta as histórias do design de cada símbolo da paz, mas demonstra as muitas formas pelas quais os emblemas passaram a transmitir a mesma mensagem para pessoas de culturas diversas e épocas diferentes.


Outros fenômenos, incluindo amor, perigo, direitos da mulher e ecologia, inspiraram tradições ricas em simbolismo visual, mas raramente no mesmo grau que a paz. É uma questão universal que tem tido um efeito profundo na vida das pessoas do mundo inteiro ao longo da História, transformando em algo natural buscar formas diferentes de demonstrar sua importância.

Vamos começar com o ramo de oliveira, que exemplifica como um símbolo pictórico pode adquirir um significado específico por meio de um processo orgânico de sugestão e lembrança. Caso sua mitologia tivesse terminado com o desafio de Atena a Posseidon, o ramo de oliveira poderia muito bem ter sido esquecido, mas ele também foi adotado como símbolo da paz na Roma antiga. Virgílio se referiu a ele nesse sentido em seu poema épico "Eneida" e Irene, a deusa romana da paz, era frequentemente retratada segurando um ramo de oliva.


Durante o século XVII, virou moda poetas e artistas usarem o ramo de oliveira como motivo da paz, o qual foi mais tarde acrescentado às moedas de vários países. Desde então, ele apareceu em tantos contextos oficiais – do Grande Selo dos Estados Unidos, em 1782, à bandeira das Nações Unidas, em 1946 – que sempre somos lembrados do que significa a "passagem do ramo de oliveira".

Esse galho folhoso também desempenhou um papel coadjuvante em outro emblema da paz. Uma das mais evocativas referências bíblicas à paz é a história do pombo solto por Noé em sua arca e que voltou carregando um ramo de oliveira para simbolizar o começo de uma era de paz. Ele era retratado de forma similar na arte cristã primitiva e em manuscritos medievais nos quais as folhas podiam ser trocadas por um galho com azeitonas.

O pombo com o ramo foi adotado como emblema de grupos de protesto contra a guerra no século XIX. Porém, o pombo aparece sozinho, livre da folhagem, em sua encarnação mais famosa, os pôsteres criados por Pablo Picasso para uma série de Congressos pela Paz Mundial no final da década de 1940 e começo da seguinte.

A exemplo do ramo de oliveira, o pombo da paz manteve o mesmo significado simbólico durante séculos, ao contrário de outro tipo de símbolo da paz, que também pode se gabar de uma história igualmente antiga, mas que representou coisas diferentes ao longo dos anos.

Peguemos a bandeira do arco-íris, composta de sete faixas, representando as cores do arco-celeste, e foi adotada por diversas causas, da Guerra dos Camponeses alemães, na década de 1520, ao International Cooperative Movement, nos anos 1920. Em 1961, a bandeira do arco-íris se tornou o emblema da marcha da paz na Itália e, desde então, apareceu em protestos similares contra a guerra, mas também assumiu outros significados.

Desde a década de 1970, ela se tornou um motivo popular dos grupos de direitos gays, ainda que com uma paleta de cores levemente diferente e um novo nome, a "bandeira da liberdade". As faixas do arco-íris também apareceram nas primeiras versões do logotipo corporativo da Apple, supostamente uma tentativa de diferenciar a empresa, com origens na contracultura californiana, do então bastião da indústria dos computadores, a IBM, cujo emblema trazia faixas monocromáticas.

Voltando ao movimento da paz, um terceiro tipo de símbolo foi criado da estaca zero para transmitir um significado particular, basicamente da mesma forma que os logotipos corporativos da Apple e da IBM. Um exemplo típico é o emblema criado em 1958 pelo grupo antinuclear britânico, a Campanha pelo Desarmamento Nuclear, por um de seus integrantes, o designer têxtil Gerald Holtom. Este combina os símbolos da comunicação via bandeiras para as letras N e D, representando "nuclear" e "desarmamento", envolvidos por um círculo simbolizando o mundo.

Após criar o símbolo por iniciativa própria, Holtom o apresentou à campanha na primavera de 1958, a tempo da primeira de uma série anual de marchas de protesto saindo do centro de Londres até a Instituição de Pesquisa sobre Armas Atômicas, em Berkshire. Ao contrário do ramo de oliveira ou a bandeira do arco-íris, o emblema de Holtom não possuía associações históricas, mas era tão memorável que rapidamente se tornou reconhecível como motivo, primeiro para a causa antinuclear, depois para a paz como um todo.

Meu símbolo da paz preferido foi criado especificamente para esse propósito como o emblema de Holtom, menos famoso, mas com igual eloquência. É o brilhantemente simples "Pôster da Paz", criado pelo designer gráfico norte-americano Robert Brownjohn para a Campanha da Paz de Nova York, em 1969, no qual as letras manuscritas "P" e "E" são seguidas por uma carta de baralho com o ás de espadas ("ace", formando a palavra "peace", paz em inglês) e, finalmente, um ponto de interrogação.

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