Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Construtora recomenda implosão de viaduto que pode desabar a qualquer momento

Prefeitura de BH, construtora e projetista travam disputa sobre responsabilidade de erro

Minas Gerais|Enzo Menezes, do R7

Desabamento matou duas pessoas e feriu 23
Desabamento matou duas pessoas e feriu 23 Desabamento matou duas pessoas e feriu 23

A Prefeitura de Belo Horizonte deve decidir pela implosão da alça norte do viaduto Guararapes, na avenida Pedro I, em Belo Horizonte, que corre o risco de desabar a qualquer momento. A construtora Cowan protocolou ofício em que recomenda o uso de dinamite para a destruição da estrutura por considerar que qualquer esforço de demolição coloca os operários em risco. A alça foi construída com o mesmo problema que, segundo a empresa, provocou o desabamento do viaduto sustentado pela alça sul, que matou duas pessoas e feriu 23 no dia 3 de julho. Foi usado apenas 10% do aço devido, o que sobrecarrega a sustentação da estrutura.

Estudo apresentado pela Cowan para explicar a queda
Estudo apresentado pela Cowan para explicar a queda Estudo apresentado pela Cowan para explicar a queda

Leia mais notícias no R7 Minas

A Prefeitura de Belo Horizonte pretendia liberar a avenida Pedro I para carros e pedestres nesta semana, o que segundo o calculista Catão Francisco Ribeiro, poderia provocar uma tragédia ainda pior. A cúpula da Defesa Civil e da Sudecap (Secretaria de Desenvolvimento da Capital) se reuniu na quinta-feira (17) para decidir pela liberação, mas foi surpreendida pelo laudo do engenheiro, que apontou o risco de novo desabamento a qualquer instante.

Em coletiva nesta terça-feira (22), Catão Ribeiro detalhou os riscos. Segundo estudo da Cowan, a carga máxima no topo do pilar era de 2.265 toneladas, enquanto cada uma das 10 estacas deveria suportar 250 toneladas (totalizando 2.250 t). Como a construtora usou apenas 1/10 da ferragem necessária, apenas duas estacas centrais (500 t) receberam o peso total de 3.034 t. O projeto aprovado pela Sudecap aponta que o aço suportaria a flexão do bloco na ordem de 50,3 cm². O necessário seria 685 cm², de acordo com o perito.

Publicidade

— O bloco sofre dilatação, deformação lenta do concreto, uma série de movimentos. Aquele escoramento pode ir afrouxando e acontecer processo semelhante [ desabamento]. Não posso marcar data, mas vai cair. Eu não assinaria um projeto para reparar essa estrutura.Teria que ser calculado como bloco, não como viga. Armou de forma insuficiente, pois o local tinha um décimo da carga a que seria submetido. Foi um milagre não ter caído antes. Houve um erro grave de projeto.

Para a Cowan, o erro foi da Consol, empresa contratada para fazer o projeto, e da Prefeitura de Belo Horizonte, que liberou a obra. A construtora diz que recebeu a aprovação da Sudecap e aponta que não era responsável por revisar todos os cálculos. O diretor da unidade construtora da empresa, José Paulo Toller Motta, exime a Cowan de responsabilidade e afirma que não houve pressa para a realização da obra. Foi a primeira vez que um executivo da Cowan veio a público se manifestar sobre o caso desde o dia do desabamento.

Publicidade

— Ali não era caminho crítico para a Copa, não havia nenhum stress para correr, já estava combinado que a obra seria entregue depois da Copa.

Motta explica que o prefeito Marcio Lacerda estava ciente do risco de novo desabamento desde quarta-feira (16).

Publicidade

— Formalizamos carta à PBH com parecer de não ter tráfego de pedestre nem de veículos na área, para manter total segurança. Foi entregue o laudo ao prefeito e ao Lauro [Nogueira Terror, presidente da Sudecap] . Recebemos o laudo do Catão na quarta (16) de madrugada e a tarde conversamos com o prefeito. Protocloamos na quinta (17) a carta e fomos à Defesa Civil, que se reunia para liberar o tráfego. Recomendamos que não fosse liberado.

O prefeito Marcio Lacerda ainda não se manifestou sobre a situação da alça norte do viaduto. A secretaria de Obras informou, em nota, que "está analisando o relatório apresentado pela Construtora Cowan para tomar as providências que julgar necessárias em relação ao viaduto Guararapes".

A construtora Consol, responsável pelo projeto executado pela Cowan, e que continha o grave erro de concepção, ainda não se manifestou sobre o assunto.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.