Eduardo Azeredo (PSDB) é condenado a 20 anos de prisão por mensalão tucano
Desvios ocorreram na campanha de 1998 em esquema entre Marcos Valério e estatais
Minas Gerais|Enzo Menezes, do R7, em Belo Horizonte
O ex-governador de Minas Eduardo Azeredo (PSDB) foi condenado a 20 anos e 10 meses de prisão em regime fechado por peculato e lavagem de dinheiro no caso conhecido como mensalão tucano. Ele pode recorrer em liberdade.
A sentença da juíza Melissa Pinheiro Costa Lage, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, foi publicada nesta quarta-feira (16) pelo Tribunal de Justiça.
A sentença, que soma 125 páginas, responsabiliza o tucano por desvios durante a campanha de 1998 ao governo de Minas. Naquele ano, Azeredo tentou sem sucesso a reeleição ao Palácio da Liberdade. A magistrada destaca que Azeredo fez parte de uma "organização criminosa complexa, com divisão de tarefas aprofundada, de forma metódica e duradoura".
O ex-governador afirmou ao R7 que a sentença não traz provas contra ele.
Em fevereiro de 2014, o procurador geral da República Rodrigo Janot pediu a condenação do então deputado a 22 anos de prisão. Um mês depois, Azeredo renunciou ao mandato e o caso voltou para a primeira instância.
Na sentença, a juíza destaca que "é triste se pensar que, talvez, toda essa situação, bem como todos os crimes de peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, tanto do presente feito, quanto do “Mensalão do PT”, pudesse ter sido evitada se os fatos aqui tratados tivessem sido a fundo investigados quando da denúncia formalizada pela coligação adversária perante a Justiça Eleitoral".
Azeredo é o primeiro político do mensalão tucano a receber condenação - 17 anos depois dos acontecimentos.
O que foi o mensalão tucano?
Segundo a acusação, Azeredo se valeu de uma rede de captação ilegal de recursos para financiar sua campanha envolvendo empresas públicas e privadas em esquema de caixa dois, sem declaração à Justiça Eleitoral. Um dos "operadores" da rede era o publicitário Marcos Valério Fernandes, que, segundo o STF, cumpriu o mesmo papel no caso do mensalão que envolveu políticos do PT e foi condenado por sua participação neste esquema a 40 anos de prisão.
O esquema usava liberação de estatais, como a Copasa e a antiga Comig, para agências de publicidade, como a SMP&B, de Marcos Valério, para promover eventos esportivos. Ao mesmo tempo, o banco estatal Bemge liberava empréstimos para a agência e estes valores eram pagos com recursos obtidos pelo próprio banco por meio de contratos de publicidade simulados com as estatais.
Azeredo é um dos fundadores do PSDB, em 1988, e ao longo de sua vida política foi deputado, senador, prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas Gerais.