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Executivo alemão e mais 12: veja os indiciados por Brumadinho

Primeiro inquérito policial investigou funcionários da Vale e Tüv Süd por uso e falsificação de documentos que garantiram estabilidade da barragem

Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7

Delegado Luiz Augusto Pessoa Noronha (à direita) conduz as investigações
Delegado Luiz Augusto Pessoa Noronha (à direita) conduz as investigações Delegado Luiz Augusto Pessoa Noronha (à direita) conduz as investigações

Oito meses depois que a barragem B1 da mina Córrego do Feijão estourou, deixando 270 vítimas e um rastro de destruição em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Polícia Federal concluiu o primeiro inquérito policial sobre as investigações. 

A mineradora Vale, a empresa de consultoria alemã Tüv Süd e 13 funcionários das duas empresas foram indiciados por uso e falsificação de documentos e podem ser condenados a até 27 anos de prisão, já que, segundo a PF, os crimes foram cometidos três vezes, em junho e setembro do ano passado, menos de um ano antes de a barragem se romper. 

Nenhum executivo da Vale foi indiciado nesse inquérito, apenas funcionários. Segundo o delegado Luiz Augusto Pessoa de Noronha, que conduz as investigações, os executivos não se envolveram na questão da falsificação e uso de documentos falsos, o que não significa que não possam ser denunciados em outro inquérito. 

Saiba quem foi indiciado:

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1) Vale

Alexandre Campanha (gerente-executivo de Governança de Geotecnia Corporativa): Segundo a PF, ele participou de reuniões técnicas com empresas de consultoria, inclusive a Tüv Süd. Também questionou, de forma incisiva, se o analista da consultora alemã Makoto Namba iria ou não atestar a estabilidade da barragem.

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Marilene Lopes (gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas): na hierarquia da Vale, ela ficava logo abaixo de Alexandre Campanha. Participava dos estudos de gestão de risco de barragens e partiu dela a iniciativa de promover paineis com especialistas internacionais para melhorar a governança da Vale com relação às barragens. Comunicava os resultados para a gerência e formatava qual critério a empresa deveria adotar.

Felipe Figueiredo Rocha (engenheiro ligado à Gestão de Riscos Geotécnicos): assessor técnico da Marilene, especializado em geotecnia. Em contato com a Tüv Süd, por e-mail, disse que outra empresa assinou declaração de estabilidade de uma outra empresa cujo fator de segurança estava menor que o aceitável levando em conta que a Vale faria as adaptações necessárias

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Washington Pirete (engenheiro): considerado o maior especialista da Vale em liquefação em barragens. A barragem de Brumadinho foi objeto de sua tese de mestrado e conhecia os riscos geotécnicos da estrutura. Foi palestrante do painel de especialistas realizado pela Vale e apresentou estudo que corroborava que o fator de segurança de barragens não poderia ser inferior a 1.3. A barragem de Brumadinho foi classificada como 1.09.

César Grandchamp (geólogo): foi o responsável da Vale por assinar a DCE (Declaração de Condição de Estabilidade), que precisa ser atestada por um técnico de cada empresa. Participou dos painéis de especialistas, tinha conhecimento dos fatores de segurança e sabia que a barragem tinha alto potencial de liquefação.

Cristina Malheiros (engenheira): trabalhava diariamente na estrutura e, no dia do rompimento da barragem, estava de férias. Era chamada pelos colegas de "dona da barragem", já que era responsável por monitorar toda a estrutura. Foi ela quem forneceu dados para o relatório de estabilidade da Tüv Süd e era responsável por fazer correções nos relatórios apresentados pela consultoria. Conhecia os defeitos da barragem apresentados pelas consultorias e, em e-mails, deixou claro que tinha preocupação com relação à segurança da barragem e que sua estabilidade precisava ser melhorada. 

Andréa Dornas (engenheira): trabalhava junto a Cristina e César Grandchamp. Participava das reuniões técnicas e chegou a discutir com Cristina sobre o fato de a barragem ser ou não estável. 

2) TÜV SÜD

Chris-Peter Meier (Diretor de Desenvolvimento de Negócios e gerente de Negócios de Infraestrutura da TÜV SÜD, na Alemanha): executivo da empresa na Alemanha que estava ligado aos contratos com a Vale. Foi consultado diretamente por técnicos da Tüv Süd que tinham dúvidas sobre atestar ou não a estabilidade da barragem e teria dado aval para assinatura da Declaração de Condição de Estabilidade. Ainda não foi ouvido pela PF. 

Makoto Namba (coordenador de Projetos): relatou que houve "pressão técnica" da Vale para mudar método de análise da barragem, dando maior peso a análises de laboratório que em campo, o que pode distorcer os resultados. Em depoimento à PF, disse ter sido coagido por Alexandre Campanha, da Vale, mas que atestou a estabilidade da barragem por questões técnicas. 

André Yassuda (consultor de geotecnia): responsável por assinar a primeira Declaração de Condição de Estabilidade da barragem, em junho de 2018. Participava das discussões e resultado final dos estudos que foram realizados por outros integrantes da empresa

Arsenio Negro Jr. (consultor e dirigente da empresa): foi o responsável por levar ao executivo da empresa na Alemanha, Chris-Peter Meier, o questionamento sobre a assinatura ou não do laudo de estabilidade.

Marlísio Cecílio (engenheiro geotécnico sênior): liderou estudos e trabalhos que resultaram no relatório da barragem, em junho. Atualmente, está na Austrália fazendo doutorado. 

Ana Paula Ruiz Toledo (engenheira geotécnica sênior): consultora especializada em geotécnica e liquefação que assumiu o posto de Marlísio, quando ele viajou para a Austrália. É responsável pelo estudo feito em setembro.

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