"Existem pessoas que se deliciam com a desgraça alheia", desabafa Azeredo
Ex-governador de Minas foi condenado a 20 anos de prisão no mensalão tucano
Minas Gerais|Do R7, em Belo Horizonte
O ex-governador de Minas Eduardo Azeredo (PSDB) usou o Twitter na manhã desta quinta-feira (17) para fazer referência à condenação a 20 anos e dez meses de prisão por participação no mensalão tucano. Ele pode recorrer em liberdade.
Azeredo escreveu que "existem pessoas que se deliciam com a desgraça alheia. Que Deus as perdoe".
Depois da divulgação da sentença, na noite de quarta-feira (16), as redes sociais do tucano foram inundadas com críticas.
O PSDB informou em nota que a decisão "surpreendeu" todo o partido e saiu em defesa de Azeredo, pois "conhece a trajetória política e a correção que sempre orientou a vida do ex-senador e ex-governador" e está confiante de que "nas instâncias superiores o ex-senador possa apresentar as razões de sua inocência e haja reavaliação da decisão".
Caixa dois com Marcos Valério
A juíza Melissa Pinheiro Costa Lage, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, considerou que o ex-governador participou de um esquema de lavagem de dinheiro por meio de caixa dois para irrigar sua campanha à reeleição ao Governo de Minas em 1998. O tucano perdeu a disputa. A magistrada apontou que o então governador fez parte de uma "organização criminosa complexa, com divisão de tarefas aprofundada, de forma metódica e duradoura".
Azeredo se valeu de uma rede de captação ilegal de recursos para financiar sua campanha envolvendo empresas públicas e privadas em esquema de caixa dois, sem declaração à Justiça Eleitoral. Um dos "operadores" da rede era o publicitário Marcos Valério Fernandes, condenado a 40 anos por replicar o esquema no mensalão do PT.
O esquema usava liberação de estatais, como a Copasa e a antiga Comig, para agências de publicidade, como a SMP&B, de Marcos Valério, para promover eventos esportivos. Ao mesmo tempo, o banco estatal Bemge liberava empréstimos para a agência e estes valores eram pagos com recursos obtidos pelo próprio banco por meio de contratos de publicidade simulados com as estatais.
Em fevereiro de 2014, a Procuradoria Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação de Azeredo a 22 anos de prisão. O então deputado federal renunciou ao mandato e o caso voltou à primeira instância, cuja sentença foi conhecida agora, em dezembro de 2015.