Um dos líderes do movimento de luta por moradia na Grande BH foi brutalmente assassinado por três homens na tarde de terça-feira (31) na Ocupação Vitória, no bairro Baronesa, em Santa Luzia. O velório ocorre na própria ocupação com a presença de integrantes de movimentos sociais.
Manoel Ramos de Souza, o Bahia, de 26 anos, era um dos coordenadores do movimento, que negocia com governos o reassentamento de famílias de baixa renda em terrenos abandonados usados para especulação na Grande BH.
Segundo militares do 35º Batalhão, três homens, identificados como Wemerson, Ricardo e o filho de Ricardo, cercaram Bahia armados com martelo, machado e enxada na rua Leila Diniz. A vítima foi espancada até a morte com golpes na cabeça. Uma testemunha contou que Manoel continuou a ser agredido mesmo depois de caído e sem esboçar reação. Os suspeitos fugiram em um Fiat Siena e deixaram uma Kombi no local, que foi incendiada. Ninguém foi preso até o momento.
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Moradores da ocupação afirmam que o crime foi ordenado por uma vizinha do terreno, que brigava por um pedaço da terra.
O vereador Adriano Ventura (PT), que defende o movimento, lamenta o assassinato de Bahia.
— É uma dor pra gente. Ele era uma pessoa muito simples, coerente, arraigado no movimento. É uma morte que causa muita comoção.
Pessoas sem interesse na ocupação se infiltram no movimento para tentar repassar terrenos, o que é proibido, segundo o parlamentar. Manoel Ramos teria sido morto porque tentava impedir a venda irregular.
— Há pessoas que se infiltraram para se aproveitar. O pessoal sem casa que está lá recebe um lote para morar, não para especulação, essa é a conquista do movimento. Mas tem gente que tenta vender os terrenos, o que não é permitido. Foram essas pessoas que o atacaram.
Em nota, as Brigadas Populares anunciaram que integrantes das ocupações Rosa Leão e Esperança saem em marcha na tarde desta quarta-feira (1º) até a ocupação Vitória. Devem ocorrer dois atos em homenagem a Bahia no local. Para levar o corpo até Paulo Afonso (BA), o grupo tenta conseguir doações com colaboradores.