Pistoleiro confessa duas mortes e entrega "Rei do Feijão" como mandante
Erinaldo de Vasconcelos é o primeiro réu a prestar depoimento nesta quinta-feira
Minas Gerais|Do R7 MG
O pistoleiro Erinaldo de Vasconcelos confessou ter matado dois funcionários do Ministério do Trabalho no crime que ficou conhecido como “Chacina de Unaí”, quando quatro trabalhadores foram assassinados. O réu presta depoimento no início da noite desta quinta-feira (29), no terceiro dia de julgamento do caso em Belo Horizonte.
O pistoleiro contou que foi "agenciado" para matar o fiscal Nelson José da Silva pelos empresários José Alberto da Costa, o Zezinho, e Francisco Elder Pinheiro, que morreu em janeiro deste ano. O mandante, segundo Vasconcelos, foi o "Rei do Feijão" Norberto Mânica.
Articulador da "Chacina de Unai" afirma que Norberto Mânica mandou matar auditores e motorista
Em depoimento, o réu afirmou que enquanto seguia o fiscal do trabalho percebeu que havia outras três pessoas no carro. Ele ligou para Pinheiro, que mandou matar "todo mundo": o pistoleiro assassinou os dois passageiros da frente do veículo e Rogério Alan Rocha Rios, outro réu, os que estavam no banco de trás. Pelo serviço, recebeu entre R$ 40 e R$ 50 mil.
Mânica teria tentado contratar o pistoleiro para outro serviço, no Paraná, mas ele recusou. Questionado pela juíza, o réu disse que aceitou matar os funcionários em Unaí por dinheiro.
O "Rei do Feijão" ainda tentou convencer Vasconcelos a assumir sozinho a culpa pelo crime. O empresário ofereceu R$ 100 mil e, ao ouvir a negativa, cobriu a proposta: disse que daria um caminhão e mais R$ 300 mil para que o pistoleiro levasse a culpa.
Antes de começar o depoimento, o advogado de Vasconcelos pediu o benefício da delação premiada, quando o acusado revela informações importantes em troca da redução da pena. A juíza ainda vai analisar o pedido.
O crime
No dia 28 de janeiro de 2004, os fiscais do trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram vítimas de uma emboscada em uma estrada de terra em Unaí, no noroeste de Minas. As vítimas foram mortas a tiros no momento em que faziam uma fiscalização de rotina na zona rural da cidade, localizada a cerca de 500 km da capital mineira.
Norberto Mânica é acusado de ser o mandante da chacina e Francisco Elder Pinheiro, que já faleceu, era apontado como o responsavél por ter contratado os pistoleiros que balearam os fiscais.