O fazendeiro Ricardo Athayde, acusado de matar o bailarino Igor Xavier, de 29 anos, em 2002, teria um relacionamento amoroso com a vítima: esta foi a revelação feita em plenário pelo promotor Gustavo Fantini, no início da tarde desta terça-feira (27). Ricardo e o filho dele, Diego, respondem pelo crime, que ocorreu em Montes Claros. O julgamento teve início por volta de 10h.
O dançarino foi assassinado com cinco tiros e teve o corpo jogado em uma estrada vicinal próximo à cidade. Ricardo, que é acusado de efetuar os disparos contra a vítima, chorou durante o depoimento. Ele manteve a versão de que cometeu o crime depois que o bailarino assediou o filho dele. A acusação, no entanto, argumenta que ele conhecia a vítima e, inclusive, mantinha um relacionamento amoroso com Xavier.
Diego se recusou a responder parte dos questionamentos do promotor. Ele alegou, no entanto, que a vítima lhe fez elogios e tentou abusar sexualmente dele. O réu ressaltou que não efetuou nenhum dos disparos e que se considerava um adolescente à época do crime. Ele e o pai respondem por homicídio qualificado, sendo que as demais acusações, de ocultação de cadáver e fraude processual prescreveram.
Após breve intervalo, os trabalhos foram retomados por volta de 13h, com 1h30 de prazo para que o promotor exponha suas argumentações. Quatro mulheres e três homens formam o conselho de sentença responsável por decidir o destino dos acusados. O juiz Glauco Fernandes conduz os trabalhos.
O crime
Segundo a denúncia do MP (Ministério Público), o fazendeiro contou que conheceu Xavier em um bar no centro da cidade. O rapaz teria demonstrado interesse pela conversa de Ricardo, que debatia filosofia com outros amigos e aceitou ir até a casa do acusado para pegar alguns livros emprestados. Ricardo relatou que os dois foram de táxi até o imóvel.
Já no imóvel, ele flagrou a vítima abraçando seu filho, Diego, e passando a mão em seu órgão sexual. Imediatamente, o fazendeiro pegou duas armas de fogo e, segundo ele, disparou "acidentalmente" contra a vítima, teoria que é contrariada pelo MP. De acordo com o órgão, pai e filho ainda teriam torturado a vítima antes de cometerem o homicídio.
Depois do crime, vizinhos viram Ricardo carregando o corpo da vítima e ainda marcas de sangue pelas escadas, manchas que foram apagadas por ele com a ajuda do filho. Xavier foi encontrado jogado em uma estrada que liga Montes Claros a São João de Veredas.
O irmão de Ricardo chegou a ser acusado de ajudar os réus a alterarem a cena do crime, mas foi isento de pena.