Quadrilha que fraudou vestibulares de medicina vendia gabaritos do Enem por até R$ 100 mil
Segundo investigações, fiscal repassou caderno de provas do exame para quadrilha
Minas Gerais|Do R7
As investigações coordenadas pela Polícia Civil de Minas Gerais na Operação Hemostase, que indiciou 36 pessoas por envolvimento em fraudes de vestibulares de Medicina, apontam que a quadrilha aplicava o golpe no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). De acordo com as apurações, em Barbacena, na Zona da Mata, os criminosos repassaram gabaritos com o resultado das provas para garantir aprovação dos candidatos, que pagavam de R$ 70 mil a R$ 100 mil.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (19), pelo delegado Fernando José Barbosa Lima. Ele entregou o caso à Polícia Federal, que tem a atribuição de investigar fraudes nos exames do Governo Federal. O delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Paulo Henrique Barbosa vai apurar as denúncias acerca do ocorrido nas provas do Enem.
Quadrilha cobrava até R$ 140 mil por vagas em cursos de medicina
Esquema
Um fiscal de prova do Enem em Barbacena, na Zona da Mata, foi subornado por R$ 10 mil para entregar gabaritos de dois dias de provas para a quadrilha. Dois cadernos de cor amarela foram apreendidos em 3 de dezembro com um dos chefes da quadrilha, José Cláudio de Oliveira, 41 anos. A PF conseguiu cerca de 30 gravações entre ele e Quintino Ribeiro Neto, 63 anos, que também coordenava as ações do grupo. No material também há SMS em que eles comemoram o índice de acertos das questões. Os dois estão presos em Caratinga (MG), assim como três envolvidos em fraudes em vestibulares de medicina.
Pessoas chamadas de “pilotos” realizavam as questões, com o objetivo de garantir 75% de acerto. As respostas eram repassadas pela internet e chegavam aos candidatos via ponto eletrônico ou SMS, já que não há detector de metais com fiscais do Enem.
Segundo o delegado federal Paulo Henrique, a fraude teria acontecido apenas em Barbacena, sem prejuízo para candidatos de outras cidades.
— Numa analise preliminar, tudo indica que foi uma fraude pontual no município de Barbacena.
O caso é investigado há nove meses. De acordo com a polícia, o inquérito já atinge 3.000 páginas. Segundo a polícia, a operação foi denominada hemostase em referência a procedimentos realizados para estancar hemorragias.
Inep acompanha investigação
Em nota, o Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem, afirma que não há indícios, até o momento, de candidatos que tenham sido beneficiados. Confira a íntegra do texto:
"O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) informa que a segurança do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é realizada, antes durante e após a aplicação das provas, com o acompanhamento da Polícia Federal, o que tem permitido, ao longo dos anos, o aprimoramento do processo.
No caso especifico, o Inep está acompanhando, juntamente com a Polícia Federal, os desdobramentos da Operação Hemostase, deflagrada no início de dezembro pela Polícia Civil de Minas Gerais. Até o momento, de acordo com a Policia Federal, não existe qualquer elemento que indique, mesmo de forma pontual, que qualquer candidato tenha sido beneficiado.
O Inep reforça que as investigações devem ocorrer com todo rigor necessário. Conforme prevê o edital do exame, os candidatos identificados, que tiverem utilizado aparelhos eletrônicos durante as provas, serão eliminados.”