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Série de homenagens marca os 3 anos da tragédia de Brumadinho

Familiares e sobreviventes se organizaram para lembrar as 270 vítimas do rompimento da barragem da Vale, em 2019

Minas Gerais|Ana Gomes, Do R7

Cronograma terá três dias de homenagens às vítimas
Cronograma terá três dias de homenagens às vítimas Cronograma terá três dias de homenagens às vítimas

"O tempo passa, a saudade perdura. Três anos que parecem três dias". Às vésperas da tragédia de Brumadinho completar mais um ano, familiares das vítimas e sobreviventes organizam uma série de homenagens às vidas que se foram com o rompimento da barragem da Vale.

“A sensação que todos os familiares têm é que foram três dias apenas. O luto, a revolta. A impunidade deixa a gente mais doente. Três anos que não temos um réu”, relata Josiane Melo, irmã da vítima Eliane Melo. A engenheira de uma empresa terceirizada da mineradora foi localizada pelo Corpo de Bombeiros em 1º de abril de 2019, 69 dias após o desastre.

As homenagens vão começar neste domingo (23), no local em que a lama deixou o rastro de destruição. O grupo, formado apenas por familiares das vítimas e sobreviventes, vai visitar as obras do Memorial Brumadinho. Josiane conta que o projeto será erguido por onde os rejeitos passaram.

“É a primeira vez que alguns parentes vão até o lugar da mancha do crime. O memorial é bem no lugar onde a onda de lama passou. É um sentimento muito forte estar naquele local. E tudo aquilo traz uma sensação indiscutível”, relata.

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A ideia para a construção do memorial surgiu com a revolta de um familiar que já havia enterrado o seu ente e descobriu que os segmentos corpóreos encontrados depois iriam para uma vala comum. Após uma luta contra a burocracia, os parentes conseguiram que o IML (Instituto Médico Legal) guarde os fragmentos até a conclusão da obra.

“Após o episódio, nós iniciamos uma batalha para a criação do memorial. Lá, teremos um local para as famílias deixarem os segmentos. Além de lembrar e honrar as 272 'joias', queremos que o local seja de reflexão para que outras pessoas não passem pelo que passamos. Para que haja mudanças na atividade de mineração e as empresas coloquem as vidas em primeiro lugar”, reforça Josiane.

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Seis pessoas ainda estão desaparecidas
Seis pessoas ainda estão desaparecidas Seis pessoas ainda estão desaparecidas

Na segunda-feira (24), acontecerá uma carreata como um pedido de justiça das famílias. O ponto de partida é o cemitério Parque das Rosas, em Brumadinho, onde muitas vítimas estão enterradas. Em seguida, os veículos passarão pelo fórum da cidade e vão até o letreiro, ponto que virou símbolo das homenagens. 

Já na terça-feira (25), dia que a tragédia completa três anos, uma série de tributos está programada. No final da manhã, às 11h, artistas interpretarão composições feitas paras as vítimas. Às 12h28, horário exato do rompimento, o grupo fará um minuto de silêncio e, logo depois, 1.906 balões pretos, que significam os dias que as famílias esperam por justiça, serão soltos ao céu. Em seguida, será a vez dos 272 balões brancos representando cada vida que se foi.

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O nosso combustível de vida é que haja justiça%2C para que os familiares sejam respeitados. Para que o sangue derramado não tenha sido em vão.

(Josiane Melo)

Tragédia em Brumadinho

No dia 25 de janeiro, às 12h28, a barragem na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, rompeu. A lama de rejeitos matou 270 pessoas.

Quase três anos após a tragédia, o Corpo de Bombeiros ainda trabalha para encontrar as seis vítimas que continuam desaparecidas. A última a ser identificada, em 29 de dezembro, foi a analista de operação da mineradora Vale, Lecilda de Oliveira, que tinha 49 anos.

Devido ao rompimento, em janeiro de 2020, o Ministério Público de Minas Gerais ofereceu uma denúncia com o indiciamento de 16 funcionários da Vale e da Tüv Süd, entre eles o ex-presidente da mineradora, Fábio Schvartsman, pelos 270 homicídios na tragédia.

Mais de 12 mil vítimas da tragédia firmaram acordo com a Vale
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A Justiça Estadual já havia recebido o processo em fevereiro de 2020, mas ele foi suspenso com a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de transferi-lo para a Vara Federal. Assim, os denunciados deixaram de ser réus.

O MPMG recorreu da decisãoem novembro de 2021, pórem o órgão rejeitou. Em janeiro deste ano, o Ministério Público solicitou revisão ao STF (Supremo Tribunal Federal) para manter na Justiça Estadual o processo sobre o rompimento da barragem.

A Polícia Federal ainda indiciou 19 funcionários das empresas Vale e Tüv Süd pelos 270 homicídios. O inquérito foi concluído em novembro de 2021, resultado de uma segunda fase da investigação realizada pelo órgão. Agora, cabe ao Ministério Público Federal prosseguir com a denúncia.

Cronograma de homenagens:

- Domingo (23)

Horário: 10h

Visita apenas para familiares das vítimas e sobreviventes ao Memorial;

- Segunda (24)

Horário: 18h

Carreta da Justiça

Concentração no cemitério Parque das Rosas e carreata pelas principais ruas da cidade.;

- Terça (25)

Horário: 11h

Ato no letreiro da cidade.

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