Tragédia de Brumadinho: após quatro anos, Bombeiros mantêm buscas diárias pelos desaparecidos
Equipes estão na 8ª estratégia da operação, contando com apoio de máquinas para vasculhar o rejeito de minério da barragem
Minas Gerais|Maria Luiza Reis, Do R7
Mais de quatro anos após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, bombeiros trabalham diariamente nas buscas pelas três pessoas que seguem desaparecidas. Neste sábado (15), a operação chega a seu 1542º dia e não há previsão para fim.
No último domingo (09), um segmento foi encontrado na área de buscas. A perícia da Polícia Civil faz análises para verificar se trata-se de vítima ainda não identificada. A última identificação aconteceu no dia 20 de dezembro.
O major Guilherme Soares, de Poços de Caldas, a 450 km de Belo Horizonte, participa pela terceira vez da operação. A primeira vez foi logo nos primeiros dias de buscas. Depois, durante a quinta estratégia e, agora, na oitava.
“O cenário mudou bastante, nós avançamos muito. O avanço no encontro das vítimas mostra o sucesso alto da operação”, comentou sobre o trabalho que já foi responsável por encontrar os restos mortais de 267 vítimas.
Desde 25 de janeiro de 2019, data do colapso da barragem, quase 6.000 bombeiros atuaram na operação, que se tornou o maior trabalho de busca e resgate do Brasil e uma referência internacional no desenvolvimento de novas técnicas nesse tipo de trabalho.
Com pelo menos cinco estações de buscas, a oitava estratégia utiliza grandes máquinas de peneiramento. O major Soares explica que a nova estratégia permitiu um grande ganho em volume processado.
“Ela é única no mundo. A máquina atua na segregação do material, que depois é analisado para o possível encontro de segmentos”, detalhou.
São processadas cerca de 200 toneladas por hora em cada equipamento. Todo o trabalho é acompanhado por bombeiros militares que ficam atentos à visualização de possíveis fragmentos.
Atualmente uma média de 20 a 30 agentes vão para a base de buscas. As equipes são substituídas a cada sete dias. "O planejamento estratégico define como atuar e considera alguns fatores, como as condições do tempo”, explicou Soares.
“A participação da família é importante para que tenhamos o maior número de informações possíveis, como qual local a vítima estava no momento do rompimento da barragem”, completa.
Balanço
A ‘Operação Brumadinho’ completa quatro anos e três meses no próximo dia 25 de abril. Neste período, 7,3 milhões de metros cúbicos de rejeito foram removidos. Já o material vistoriado está em aproximadamente em 6 milhões de metros cúbicos, o que daria para construir ao menos duas pirâmides de Quéops, a maior do Egito.
Os trabalhos foram interrompidos apenas duas vezes nos últimos quatro anos. Uma devido à pandemia de Covid-19 e outra devido às fortes chuvas que atingiram a região metropolitana de Belo Horizonte no final de 2021 e início de 2022.
As suspensões, no entanto, aconteceram apenas parcialmente, uma vez que os trabalhos de monitoramento e inteligência permaneceram ao longo de todo o período.
Veja quem são as vítimas que seguem desaparecidas: