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Menino foi deportado 11 vezes mas insiste: "Nem todo humano é mau"

Nascido no Afeganistão, Zamir está na Bósnia e busca entrar na Croácia para realizar o sonho de chegar à França e voltar a estudar

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Zamir mantém a esperança nos seres humanos
Zamir mantém a esperança nos seres humanos

Muitas coisas viraram rotina na vida do menino Zamir, de 11 anos: pobreza, medo, frustração e exclusão. Refugiado do Afeganistão, ele espera entrar na Croácia, rumo a uma vida melhor com sua família na Europa.

O semblante fechado dos guardas nas fronteiras, porém, não serviu para ele perder a esperança. Nem nas vezes em que foi tratado de forma cruel e autoritária.

Em entrevista ao MSF (Médicos Sem Fronteira), o garoto mostra, entre embaixadinhas e palavras de otimismo, que aprendeu com a vida a não generalizar. E a buscar a felicidade mesmo em meio às mais difíceis adversidades. 

Com um sorriso no rosto e brilho nos olhos, ele revela uma certeza que o mantém firme: nem todos os seres humanos são maus. Mesmo tendo sido deportado 11 vezes da Croácia. Porque em outras tantas vezes, alguém também lhe estendeu a mão.


"Eu não posso dizer que todo mundo é mau. Mas eu fui deportado 11 vezes. Eu já andei por 20 horas, já andei por 15 horas, mas não posso dizer que todos são maus."

Zamir aguarda, com sua família, em um edifício abandonado na fronteira com a Bósnia, uma oportunidade para entrar em território croata.


Em um dos cômodos da habitação, ele mostra ao MSF que dorme com sua mãe e dois irmãos em uma tenda de acampamento.

No colchão ao lado, seu pai dorme com o irmão mais velho de Zamir. O menino, no entanto, não perde a esperança. E continua acreditando nos valores humanos. As duras revistas na fronteira foram também um aprendizado.


"A polícia má croata me disse: 'Me dê seu telefone". Eu dei para ele. Ele brigou comigo. Ele bateu no meu pai, o empurrou. Mas o bom policial disse: 'você tem telefone?' Eu disse, sim eu tenho. Dei para ele e ele me devolveu. Ele disse 'não conte nada, coloque o telefone na sua calça jeans. Não vou pegar seu telefone.'"

A linha da fronteira da Bósnia abriga cerca de 4 mil pessoas, que tentam entrar na Croácia. Muito poucos conseguem. O sonho da família de Zamir, que adora jogar futebol, é chegar à França. Lá, ele espera continuar os estudos. Há três anos não vai à escola.

"Eu quero ir à Europa, mas eu não posso ir à Europa. Eu não posso continuar assim. Eu quero ir à escola. Eu quero ficar mais velho, ser médico, eu quero jogar futebol. Sabe? É isso."

Ele sabe que, mesmo um dia conseguindo atingir seus objetivos, não poderá se acomodar. Nem o Afeganistão é de todo ruim e nem a França é de todo boa.

"Todo país tem um lado bom e um lado mau."

Países, afinal, são feitos de seres humanos.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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