Após denúncias de corrupção da PM, Beltrame exonera coronel e anuncia novo comandante
Exoneração foi pedida pelo próprio coronel José Luís Castro, que alegou problema de saúde
Rio de Janeiro|Do R7
O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, anunciou na manhã desta sexta-feira (7) a exoneração do comandante da Polícia Militar, coronel José Luís Castro Menezes. Quem assumirá o posto a partir do dia 2 de janeiro de 2015 será o coronel que estava na reserva Alberto Pinheiro Neto. Interinamente, até a data, ficará no comando o coronel Ibis Silva Pereira.
Conforme informado pelo secretário em entrevista nesta sexta, o coronel José Luís Castro deixa o cargo a pedido próprio. Ele teria alegado problema de saúde. No entanto, o anúncio da saída do comandante surge após uma série de escândalos envolvendo a alta cúpula da PM. Beltrame admitiu que os últimos escândalos envolvendo a corporação afetaram a imagem do comandante exonerado, mas que somente as investigações poderão comprovar as acusações.
No início de outubro, 16 PMs foram detidos por suspeita de sequestrar e cobrar R$ 300 mil para libertar traficantes do Morro do Dendê, na Ilha do Governador (zona norte), e de Senador Camará, na zona oeste. Foram presos o tenente-coronel Dayzer Corpas Maciel que, até o dia anterior da prisão, comandava o 17º BPM, e o chefe do serviço reservado do batalhão, 1º tenente Vítor Mendes da Encarnação. Segundo a denúncia, o ex-comandante recebeu R$ 40 mil do total arrecadado no resgate (assista ao vídeo no final da reportagem).
Em outro escândalo revelado em setembro, a megaoperação Amigos S.A. prendeu 24 PMs, entre eles, o então chefe do COE (Comando de Operações Especiais), que inclui o Bope (Batalhão de Operações Especiais), o BAC (Batalhão de Ações com Cães) e o GAM (Grupamento Aeromóvel). O coronel Alexandre Fontenelle era o número 3 da hierarquia da PM. De acordo com a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) à Justiça, os policiais são suspeitos de exigir pagamento de propina de comerciantes, mototaxistas, motoristas e cooperativas de vans, além de empresas transportadoras de cargas na área do batalhão de Bangu (14º BPM).
No depoimento prestado por um sargento da PM, preso na operação, para se beneficiar da delação premiada, revelou ter ouvido de oficiais presos na Operação Amigos S.A. que todos os batalhões eram obrigados a pagar uma quantia de R$ 15 mil ao Estado-Maior da corporação.Entre os investigados estão o coronel José Luis Castro Menezes, exonerado nesta sexta-feira do comando-geral da PM; o chefe do Estado-Maior Operacional, coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, e o chefe do Estado-Maior Administrativo, coronel Ricardo Coutinho Pacheco.
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