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Caso Jandira: "Sinto alívio e revolta", diz mãe após identificação de corpo carbonizado

Nesta quarta, enterro não estava definido, porque liberação de corpo dependia de trâmites legais

Rio de Janeiro|Do R7

Jandira saiu de casa para fazer aborto no dia 26 de agosto
Jandira saiu de casa para fazer aborto no dia 26 de agosto

“Uma mistura de alívio e revolta”. Foi o que a mãe de Jandira Magdalena dos Santos Cruz, Maria Ângela dos Santos, declarou sentir, em entrevista ao R7, na manhã desta quarta-feira (24), um dia após saber que o corpo encontrado dentro de um carro em Guaratiba é o de sua filha de 27 anos, que desapareceu depois de sair de casa para realizar um aborto em uma clínica clandestina, no dia 26 de agosto. 

Segundo Maria Ângela, a descoberta do corpo de Jandira minimiza a ansiedade de saber o paradeiro da filha, mas não diminui a revolta que sente pelos responsáveis do assassinato. 

— Eles não tiveram o mínimo de humanidade. Mataram a minha filha e o meu neto. E nem tiveram a dignidade de entregar o corpo, preferiram esquartejar e queimar.

A mãe de Jandira afirmou ainda ao R7 que continua contra o aborto. Para Maria Ângela, a questão não cabe à ela, mas deve ser debatida pelas autoridades. 


— Sempre fui contra o aborto e não mudo minha opinião. Minha filha pagou com a própria vida pela decisão que tomou. Tentei impedir, mas não consegui. Espero agora que os responsáveis também sejam punidos. Eles não tiveram o mínimo de humanidade. 

O ocorrido com Jandira não foi escondido das filhas, de 9 e 12 anos, de acordo com a Maria Ângela, que afirmou ao R7 ter contado às meninas com cuidado, para evitar que elas sofram algum trauma. 


— Sou cristã e não posso mentir. Por isso contei tudo às minhas netas, mas com muito cuidado, porque ainda são crianças, mas elas sabem, inclusive, sobre o aborto.

As meninas viviam com a mãe, na casa dos avós. Segundo Maria Ângela, as crianças continuarão a morar na residência, após a confirmação da morte de Jandira.


No dia último dia 19, a Polícia Civil localizou uma testemunha que estava no mesmo carro que levou Jandira à clínica. Ela reconheceu as quatro pessoas que estão presas suspeitas de envolvimento no crime. O médico que teria sido responsável pela tentativa de aborto está foragido.

Na semana passada, a motorista do carro que transportou a jovem até a clínica se entregou a polícia. Vanusa Vais Baldacine estava foragida quando policiais conseguiram um mandado de busca e apreensão e foram até a casa da mulher, onde encontraram uma arma de uso restrito das Forças Armadas.

Outra morte após aborto

Foi enterrado na tarde desta terça-feira (23), no Cemitério Maruí Grande, o corpo de Elisângela Barbosa, morta após fazer uma aborto em uma clínica clandestina em Niterói, na região metropolitana do Rio.

Polícia Civil identificou, por meio do depoimento de uma faxineira que trabalhava em uma casa onde pode funcionar clínica de aborto clandestina, duas mulheres suspeitas de integrar quadrilha que pratica abortos na região. A partir de denúncia, agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo chegaram a uma casa na rua Silvino Pinto, no bairro Sapê. No local, foram encontrados medicamentos, inclusive de uso veterinário, e um computador.

Colaborou Jesiel Gadioli, do R7 Rio

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