Um grupo de 25 fotógrafos está sendo ameaçado de morte em Bangu, na zona oeste do Rio. O motivo seria um boato de que pessoas estariam se passando por profissionais de fotografia para sequestrar crianças. A falsa notícia divulgada nas redes sociais tem deixado os fotógrafos com medo de trabalhar.
Uma das vítimas é Márcia Daiana, de 25 anos. A foto da fotógrafa foi publicada na internet como se Márcia fosse uma sequestradora. A mulher fez um boletim de ocorrência, mas está apreensiva com a situação.
— Eu não tenho nada a ver com isso, estou desesperada, tenho um filho pequeno para criar. Falaram que iam arrancar minha cabeça.
Junto à foto de Márcia Daiana, a publicação divulgou o número de telefone da empresa de fotógrafos. Desde então, as ameaças se tornaram frequentes na loja.
— Ameaçam de morte, dizendo que vão arrancar a cabeça dos fotógrafos na rua, que vão invadir a empresa e executar todos.
As ameaças se estenderam aos demais profissionais. Duas fotógrafas quase foram linchadas quando seguiam para o trabalho em Austin, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Elas foram abordadas por uma mulher que afirmou que as fotógrafas estavam roubando crianças e ordenou a saída delas do bairro.
Um dos donos da empresa disse ter medo que o pior possa acontecer.
— Quando o boato acontece, um começa a bater e todo mundo bate. Nós já vimos inocente morrer e nós não queremos que isso aconteça com a gente.
Pelo aplicativo de mensagens Whatsapp, uma mulher está divulgando a informação falsa sobre os fotógrafos. Ela mandou um áudio em que pede que "divulguem porque é verdade: é uma dupla de mulheres que estão indo de porta em porta pedindo para tirar fotos das crianças. Cuidado porque isso aconteceu comigo ontem. Se eu deixasse ver minha filha, poderia acontecer o pior. Graças a Deus não deixei ver minha filha".
O caso dos fotógrafos ocorre na mesma semana em que um boato tomou conta de Duque de Caxias, também na baixada. Um casal estaria sequestrando crianças para a retirada de órgãos. A assessoria de imprensa da Polícia Civil afirmou que não há registro de sequestros de crianças na região.
No ano passado, uma mulher foi espancada até a morte no Guarujá, litoral paulista, após a imagem dela ter sido divulgada nas redes sociais como uma suposta autora de rituais com crianças.
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