Agentes da Guarda Municipal do Rio de Janeiro (GM-Rio) reprimiram no final da tarde deste domingo (3) com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás de pimenta um bloco de pré-carnaval na escadaria da Câmara Municipal na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro (veja o vídeo abaixo).
A repressão, que dispersou os foliões e deixou ao menos um músico ferido, começou quando guardas abordaram de forma truculenta, segundo relatos de foliões, ambulantes que vendiam cerveja no bloco. Quem estava por perto tentou intervir, a fim de defender os vendedores, e os guardas municipais usaram o aparato de repressão contra o bloco, conforme relatou Yuseff Bezerra Abrahim.
— Todos estavam se divertindo, cantando, até que apareceram guardas inicialmente abordando ambulantes daquela forma truculenta e humilhante, quebrando isopor, espalhando produtos pelo chão e agredindo os trabalhadores. Alguns foliões se sensibilizaram e foram defender os trabalhadores, então o confronto começou. As pessoas soltaram os ambulantes que estavam sendo levados pelos guardas, que recuaram e começaram a jogar bombas de gás e efeito moral no bloco.
O trombonista Ernesto De Santis foi socorrido no hospital da Unimed em Copacabana, zona sul. Ele levou pontos na cabeça e passa bem.
— Já estou em casa. O ferimento na cabeça foi por uma cápsula de gás lacrimogêneo. Levei uma bala de borracha na perna e uma cacetada na mão. O da mão é o que me preocupa um pouco. Amanhã [segunda] vejo o ortopedista.
Outros foliões chegaram a passar mal, mas não precisaram receber atendimento médico.
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}A Guarda Municipal afirmou, por meio de nota, que agentes acompanhavam o bloco e reagiram após serem atacados. A nota diz que a corporação também acompanhava manifestantes que estavam na mesma região. Segundo a GM-Rio, duas pessoas foram detidas e uma viatura, avariada.
"Ao fazer retenções de ambulantes não autorizados que comercializavam produtos irregulares no local, os agentes da Guarda Municipal foram atacados com garrafas atiradas pelos manifestantes. Somente a partir daí, os guardas dispersaram o grupo que os agrediu", disse a GM-Rio.
Entretanto, a ação dos guardas foi desproporcional, conforme relato de foliões ao R7. Foliões correram para se refugiar das bombas e criticaram a truculência com os guardas usaram o aparato de repressão contra o bloco de pré-carnaval.
O bloco integrava a Abertura do Carnaval Não Oficial 2016. Na página do evento no Facebook, a Bloqueata da Desliga confirmou que o bloco transcorria de forma pacífica quando um ambulante que se encontrava em meio aos foliões foi agredido a golpes de cassetete. O grupo criticou o despreparo da GM-Rio e destacou a presença de crianças no bloco. "Atacado a cacetadas, [o ambulante] foi defendido por alguns foliões, o que provocou um absurdo e generalizado ataque ao bloco com bombas de gás lacrimogêneo, cacetadas e tiros de bala de borracha disparados aleatoriamente sobre todos, inclusive crianças. A truculência, a desproporcionalidade e o despreparo da Guarda Municipal não podem deixar de causar revolta, tanto pela criminalização dos profissionais ambulantes, quanto pelo desrespeito às pessoas que pulavam um carnaval espontâneo".