Identificadas 2 mulheres que podem integrar quadrilha de aborto em Niterói; casa é interditada para perícia
Elizângela Barbosa, de 32 anos, morreu após aborto em clínica clandestina
Rio de Janeiro|Do R7
A Polícia Civil identificou, por meio do depoimento de uma faxineira que trabalhava em uma casa onde pode funcionar clínica de aborto clandestina, duas mulheres suspeitas de integrar quadrilha que pratica abortos em Niterói. A partir de denúncia, agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo chegaram a uma casa na rua Silvino Pinto, no bairro Sapê, para onde Elizângela Barbosa, de 32 anos, que morreu após um aborto, foi levada, segundo o titular Wellington Vieira.
— Possivelmente é o local do crime [aborto]. Exames periciais complementares vão detectar se o aborto foi feito no interior dela.
A polícia apreendeu no local medicamentos, inclusive de uso veterinário, e um computador. As apreensões serão submetidas a perícia para verificar se têm relação com aborto. A polícia não confirma, contudo, se Elizângela foi submetida a aborto na casa em questão.
A faxineira que estava no imóvel deve ser novamente interrogada pela DH.
O delegado Adilson Palácio afirmou que não era a primeira vez que Elizângela tentava interromper a gravidez de quatro meses. De acordo com o delegado, a mulher procurou a clínica depois de complicações em uma tentativa de aborto com medicamentos.
— Elá já tinha tentado um aborto há alguns meses através de medicamentos adquiridos ilegalmente, que não foram eficazes. Isso a fez procurar a clínica clandestina para garantir a interrupção da gravidez.
Elizângela Barbosa saiu de casa com o marido e os três filhos, no último sábado (20), para ir até o ponto de encontro com o homem que ficaria encarregado de levá-la até a clínica de aborto. Segundo a polícia, após complicações, ela foi abandonada no acesso de uma comunidade na região. Os traficantes teriam obrigado um morador a levar a jovem até o Hospital Estadual Azevedo Lima, onde ela morreu.
Os suspeitos cobraram cerca de R$ 2.800 pelo procedimento. Ainda segundo a polícia, o material cirúrgico foi encontrado dentro do corpo de Elizângela, que estava grávida de quatro meses. O material foi encaminhado à perícia para saber se foi utilizado durante o aborto.
O corpo de Elizângela Barbosa será enterrado às 16h30 desta terça-feira (23), no cemitério Maruí Grande, no Barreto, em Niterói.
Assista à reportagem:
Caso Jandira
Jandira Magdalena dos Santos desapareceu no último dia 26, após sair de casa para fazer um aborto em Campo Grande, na zona oeste do Rio. A polícia investiga o paradeiro do corpo da jovem. Cinco pessoas estão presas suspeitas de envolvimento no desaparecimento de Jandira.
Na semana passada, a motorista que levou a vítima para realizar aborto em uma clínica clandestina se entregou a polícia. Segundo as primeiras informações, ela teria ligado para a dona clínica, Rosemere Aparecida Ferreira, informando complicações no aborto de Jandira.