Justiça decreta prisão preventiva de 11 envolvidos no escândalo dos ingressos; inglês foge
O CEO da Match, Ray Whelan, o argelino Lamine Fofana estão entre os acusados
Rio de Janeiro|Do R7, com Agência Brasil
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva de 11 envolvidos no escândalo dos ingressos da Copa do Mundo. A informação foi confirmada pela Polícia Civil. O CEO da Match, Ray Whelan, que ganhou liberdade condicional graças a um habeas corpus, e o argelino Lamine Fofana, que já estava preso provisoriamente, estão entre os que vão responder por organização criminosa, cambismo, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. O grupo criminoso faturava cerca de R$ 1 milhão por jogo, conforme as investigações.
Policiais da Delegacia da Praça da Bandeira (18ª DP), chefiada pelo delegado Fábio Barucke, foram na tarde desta quinta (10) ao hotel Copacabana Palace, mas não encontraram Whelan. O promotor Marcos Kac, que participou da investigações e ofereceu a denúncia à Justiça nesta quinta, disse que informações preliminares apontam que o britânico pode ter fugido. Embora Whelan tenha entregue o passaporte às autoridades, o promotor disse que ele pode requerer outro documento e sair do país.
— A informação que eu tive é que ele fugiu. Não foi preso. Como não tinha mandado de prisão contra ele, poderia até ter solicitado outro passaporte no consulado. Ele é inglês. Se vai para a Inglaterra, vai responder processo lá. Se for condenado, ele volta [ao Brasil] para cumprir?—, indagou Kac, que também é responsável pelas investigações.
Entre os 12 apontados pela polícia como envolvidos no esquema, apenas o advogado José Massih não teve a prisão preventiva requerida, já que colaborou com as investigações.
Ao longo das investigações, a polícia revelou à imprensa ter provas contra Ray Whelan, presidente da única empresa autorizada pela Fifa a negociar os ingressos da Copa. Nos mais de 900 registros de ligações e mensagens telefônicas, interceptadas pela investigação, entre Fofana, que comprava os bilhetes desviados da Match, e o inglês Whelan, há, segundo os policiais, um trecho em que o franco-argelino pede 20 ingressos ao presidente da Match. "Se você quiser, tenho 24 aqui na mão", teria respondido Whelan. "Mas é US$ 1 mil cada um". Fofana concordou. "Mas precisa ser em dinheiro vivo", teria dito o inglês, segundo policiais. "Você quer em reais ou dólares?", perguntou Fofana.
— Está claro que ele negociava, sim, ingressos com o Fofana. Temos elementos suficientes que comprovam isso. Ele (Whelan) sabia que os ingressos que fornecia ao Fofana eram repassados para terceiros. E dizia: então me informe o CPF deles que já imprimo os ingressos com o nome de cada um —, disse o responsável pela investigação, delegado Fábio Barucke, da Delegacia da Praça da Bandeira (18ª DP).