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Justiça do Rio pede inclusão de Rogério Andrade na lista da Interpol

Contraventor, alvo da Operação Calígula, está foragido desde 7 de maio, quando deveria ter voltado da Costa Rica

Rio de Janeiro|Da Agência Brasil

Rogério de Andrade foi alvo da Operação Calígula
Rogério de Andrade foi alvo da Operação Calígula

A pedido do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), a Justiça do Rio decidiu pedir a inclusão do nome do contraventor Rogério de Andrade na lista vermelha da Interpol. A medida foi assinada nesta terça-feira (10) pelo juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara Especializada.

No pedido de inclusão de Andrade na lista vermelha da Interpol consta como último destino conhecido a cidade de San José, capital da Costa Rica. Ele não regressou ao Brasil na data prevista, que seria o último dia 7. “Assim, justificada a adoção das providências legais necessárias para a tentativa de captura de Rogério de Andrade fora do Brasil, o que pressupõe a inclusão de seu mandado de prisão em difusão vermelha junto à Interpol, observando-se todas as exigências normativas aplicáveis à espécie. Diante do exposto, defiro o requerimento do MP [Ministério Público] nos seus exatos termos, determinando: a expedição de ofício à Superintendência Regional da Polícia Federal — SR/DPF do Estado do Rio de Janeiro, encaminhando o mandado de prisão de Rogério Costa de Andrade e Silva para cumprimento e para publicação da difusão vermelha no sistema internacional da Interpol”, escreveu Ruliere em seu despacho.

Operação Calígula

Rogério e outros investigados, como os delegados Marcos Cipriano e Adriana Belém, além do policial militar reformado Ronnie Lessa, foram denunciados à Justiça pelo MP dentro da Operação Calígula, deflagrada contra a organização criminosa liderada por Rogério e integrada por dezenas de outros criminosos.


A operação teve como objetivo o cumprimento de 29 mandados de prisão e 119 de busca e apreensão, inclusive quatro bingos comandados pelo grupo. No total, foram denunciadas 30 pessoas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No apartamento da delegada Adriana, foi encontrado R$ 1,765 milhão em espécie.

Marielle


Em coletiva de imprensa para fazer um balanço da operação, os membros do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) relataram o possível envolvimento de Rogério na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrida em março de 2018.

Uma das linhas investigadas é a relação próxima que havia, na época, entre Andrade e Ronnie, que estavam abrindo um bingo clandestino na Barra no mesmo ano. A quebra dos sigilos telefônico e telemático de ambos mostrou que eles mantinham um diálogo frequente. Ronnie é acusado pela morte da vereadora, juntamente com o ex-PM Élcio Queiroz, ambos presos em presídio federal, aguardando julgamento.


Os promotores do MP, no entanto, não quiseram confirmar se Rogério está sendo ou não investigado pela morte de Marielle, pois os trabalhos seguem em sigilo.

Delegada

A delegada Adriana Belém, um dos alvos da Operação Calígula, foi presa em seu apartamento e levada para a sede da Secretaria de Estado de Polícia Civil, onde chegou por volta das 16h30. Ela estava dentro de um carro com vidros escuros, que entrou pela garagem da secretaria, evitando contato com a imprensa que a aguardava.

“O gigantesco valor em espécie arrecadado na posse da acusada, que é delegada de polícia do Estado do Rio de Janeiro, aliado aos gravíssimos fatos ventilados na presente ação penal, têm-se sérios e sólidos indicativos de que a ré apresenta um grau exacerbado de comprometimento com a organização criminosa e/ou com a prática de atividade corruptiva (capaz de gerar vantagens que correspondem a cifras milionárias)”, registra a decisão de Ruliere, deferindo a prisão preventiva de Belém.

Um fato que surpreendeu os promotores foi a localização, na residência do delegado Cipriano, da ordem de prisão emitida pelo juiz do caso, o que, segundo eles, configuraria provável vazamento de informações e será objeto de investigação.

A Agência Brasil tentou, sem sucesso, contatar o escritório Bergher e Mattos Advogados Associados, responsável pela defesa de Rogério de Andrade. Também não houve retorno do advogado Bruno Castro, que representa Ronnie Lessa. As defesas de Adriana Belém e Marcos Cipriano não foram identificadas.

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