"O que me revolta é eles terem mutilado minha filha", diz pai de Jandira em enterro
O corpo de Jandira Magdalena foi enterrado neste domingo, um mês após a morte em aborto
Rio de Janeiro|Do R7
Parentes e amigos de Jandira Magdalena dos Santos se reuniram na tarde deste domingo para realizar o enterro da moça, no cemitério de Ricardo de Albuquerque, na zona norte do Rio. O sepultamento, marcado por comoção e indignação, foi realizado um mês após o corpo dela ser achado carbonizado. Segundo a polícia, a jovem, que tinha 27 anos, morreu após sair de casa para fazer um aborto.
A mãe e o ex-namorado de Jandira preferiram não ir ao enterro. O pai, Samuel Cruz, se disse indignado com a brutalidade feita no corpo da filha.
— O que mais me revolta é eles terem mutilado minha fila e jogado fogo nela. A gente procurou impedir o aborto, mas ela é maior de idade, fez porque quis. Uma semana antes ela me ligou e disse que ia interromper. Eu pedi para ela me avisasse para que eu fosse junto. Mas ela não me deu nem o dia nem o horário.
A irmã, Joyce dos Santos, cobrou rigor da Justiça com a quadrilha de aborto.
— Ninguém tem o direito de julgar minha irmã. Ela já pagou com a própria a vida. Agora o que a gente deseja é que os culpados paguem em vida.
Cerca de 100 pessoas participaram do sepultamento. Uma equipe de jornalistas da BBC foi ao local para fazer uma reportagem sobre como as mulheres brasileiras que são vítimas de clínicas clandestinas de aborto.
O Disque-Denúncia lançou no sábado (27) um cartaz em que oferece R$ 1.000 de recompensa por pistas que levem à prisão de Carlos Augusto Graça de Oliveira, um dos acusados de realizar o aborto. O Tribunal de Justiça do Rio expediu mandados de prisão temporária contra cinco suspeitos de envolvimento no crime. O falso médico Carlos de Oliveira é o único que ainda está foragido. Foram presos Marcelo Eduardo Medeiros, Mônica Gomes Teixeira, Rosemere Aparecida Ferreira e Vanuza Vais Baldacine.
A vítima foi vista pela última vez em 26 de agosto, quando partiu em direção a uma clínica para fazer um aborto. Segundo as investigações, Rosemere Ferreira organizava clínicas de aborto móveis, mudando o local de tempos em tempos.
A Justiça decidiu pela prisão temporária por considerar que a quadrilha causaria dano à ordem pública em liberdade, considerando a reiteração do crime. Contra o foragido Carlos de Oliveira há anotações criminais por homicídio, aborto provocados por terceiros, aborto, e falsa identidade.
O Disque-Denúncia já recebeu 35 ligações sobre o caso até a manhã deste sábado (27). Quem tiver pistas pode ligar para o telefone do Disque-Denúncia, (21) 2253-1177, ou passar informações pelo Whatsapp do Portal Procurados, (21) 96802-1650. Quem estiver fora da capital do Rio também pode ligar para 0300-253-1177. O anonimato é garantido.
O corpo de Jandira foi achado carbonizado em 27 de agosto dentro de um carro em Guaratiba, na zona oeste, um dia após ela procurar a clínica de aborto. O enterro só foi permitido após a divulgação da resultado do exame de DNA, que confirmou que o corpo era mesmo da moça.
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