Mais de 13 mil alunos da rede municipal de Educação estão sem aulas nessa segunda-feira (29) devido a operações policiais em duas comunidades da zona norte do Rio. A intensa troca de tiros na Vila Kennedy e no Complexo da Maré começou no início da manhã e provocou a suspensão das aulas em 19 escolas e 17 creches. As comunidades não são próximas, mas compartilham uma realidade comum a muitas favelas cariocas: o prejuízo da violência no futuro de crianças e adolescentes, moradoras dessas áreas. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, dos 74 dias letivos deste ano, apenas em sete deles a rede funcionou completamente, isto é, sem nenhuma escola fechada por causa de confrontos.
Na Vila Kennedy, um idoso foi baleado durante a operação. José Nascimento e Silva, de 68 anos, estava na calçada em frente de casa quando levou um tiro de raspão nas costas e outro nas nádegas. A vítima foi socorrida no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Ele é o terceiro idoso vítima de bala perdida em uma semana no Rio. Na última sexta (26), um senhor foi alvejado e morreu na favela do Mandela, em Manguinhos. No dia anterior, uma operação policial no Jacarezinho terminou com cinco mortos, entre eles um idoso. Até o momento, não há informações sobre o estado de saúde de José Nascimento.
Além das escolas, os centros de saúde que funcionam nas proximidades da Vila Kennedy também foram fechadas. A Clínica da Família Wilson Mello Santos (Zico) e o Centro municipal de Saúde Henrique Monat, suspenderam o atendimento nesta manhã. O mesmo aconteceu na Maré, onde quatro das oito unidades de saúde fecharam as portas. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os centros fechados funcionam nas comunidades Parque União e Nova Holanda.
Os policiais chegaram na Maré por volta das 5h30. Segundo o Batalhão de Choque da Polícia Militar, responsável pela ação, a operação vida reprimir o tráfico de drogas no Parque União e na Nova Holanda. Até às 11h não havia balanço de feridos, prisões ou apreensões na Maré.