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Polícia do Rio dispensa delegado criticado por investigação de estupro coletivo e fala em "desgaste"

Deputados e movimentos sociais disseram que Alessandro Thiers criminalizou a vítima

Rio de Janeiro|Do R7

Alessandro Thiers causou polêmica quando disse não saber se adolescente de 16 anos havia sido estuprada
Alessandro Thiers causou polêmica quando disse não saber se adolescente de 16 anos havia sido estuprada

O delegado Alessandro Thiers foi dispensado do comando da DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática) nesta terça-feira (7), um dia após ter se negado a ir a uma audiência pública na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) que discutiu a cultura do estupro.

Por meio de nota, a polícia informou que Thiers foi afastado em razão do "intenso desgaste a que foi submetido durante a condução do inquérito policial sobre a investigação do estupro coletivo".

Após elogiar a competência do delegado, a direção da Polícia Civil pondera, contudo, ser "necessária a preservação da gestão da delegacia especializada diante do volume e da complexidade das demandas diariamente recebidas".

O cargo foi assumido pela delegada Daniela Terra, que era titular da 33ª DP (Realengo).


Thiers falaria sobre a condução que deu à investigação do caso do estupro coletivo de uma jovem de 16 anos em uma comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro. Antes de o caso deixar DRCI e ir para os cuidados da DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima), as declarações do delegado haviam sido criticadas por deputados, pela advogada da jovem e por movimentos sociais.

As críticas ao delegado começaram com a então advogada da adolescente, Eloisa Samy, que disse, na ocasião, que ele criminalizou a vítima. Thiers questionou se a menina, que afirma ter acordado em uma casa com 33 homens e sido estuprada, teria o hábito de fazer sexo em grupo.


Relembre: mesmo após vídeo, delegado disse não saber se houve estupro e causou polêmica

A deputada Martha Rocha (PDT), ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, divulgou nota em repúdio a declarações do delegado. Ela também disse acreditar que falas do agente publicadas na imprensa "criminalizam e culpabilizam" a vítima.


"Quando estamos diante de uma barbárie dessas e o delegado diz que 'está investigando se houve consentimento e que a polícia não pode ser leviana', entendemos porque tantas mulheres deixam de ir às delegacias denunciar casos de abuso sexual e violência", disse ela, que é presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Após as críticas ao delegado, a Polícia Civil decidiu que a DCAV deveria assumir o caso no dia 29 de maio.

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