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Policial chora muito ao prestar depoimento sobre dia da tortura de Amarildo

A PM da UPP da Rocinha Carolina Martins foi a última a depor no segundo dia de audiência

Rio de Janeiro|Do R7

A juíza da 35ª Vara Criminal ainda não marcou a próxima audiência
A juíza da 35ª Vara Criminal ainda não marcou a próxima audiência

A policial militar Carolina Martins, da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, foi a terceira e última testemunha de acusação a prestar depoimento no segundo dia de audiência do caso Amarildo, realizado na 35ª Vara Criminal do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro).

A soldado chorou muito durante o depoimento e disse que, no dia da tortura ao ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, em 14 de julho de 2013, foi obrigada a ficar dentro de um contêiner da UPP, junto com outros policiais, e que ouviu murmúrios e choro da vítima. A juíza responsável pelo processo ainda não decidiu a próxima data do julgamento, quando serão ouvidas novas testemunhas de acusação, incluindo a viúva de Amarildo.

Antes de Carolina, a policial militar Dezia Juliana de Souza foi a segunda a depor nesta quarta-feira (12) e disse que ouviu gargalhadas após a suposta sessão de tortura. De acordo com ela, Elizabete Gomes da Silva, viúva da vítima, a procurou dois dias após o desparecimento do marido. Ela teria então levado a mulher ao major Edson Santos, que deixou o telefone dele com Elizabete. Dezia declarou ainda que foi orientada a dizer que Amarildo teria saído tranquilamente da UPP. Ela também chorou durante o depoimento.

Outro policial ouviu voz de Amarildo


O soldado da PM Alan Jardim, que foi o primeiro a depor, disse ter ouvido gritos de sufocamento saídos de dentro da base da UPP Rocinha em 14 de julho. Ele contou que recebeu ordens para deixar a base e fazer patrulha externa ao lado de um contêiner de apoio da unidade. Segundo a polícia e o Ministério Público, Amarildo foi torturado e morto por PMs da UPP em um contêiner próximo à UPP.

— Eram gritos horríveis e ensurdecedores.


Segundo o policial, que atuava como tesoureiro da UPP Rocinha, os gritos duraram cerca de 40 minutos. Jardim contou ter visto uma viatura chegar com uma pessoa e ouviu perguntas — do tipo, "Não vai falar?" — que davam a entender que tratavam do paradeiro de drogas e armas. O PM disse que a pessoa sufocada respondia o tempo todo: "Não falo".

Capa de moto e incursão em mata


Jardim ainda afirmou ter ouvido barulho de água, como se a usassem para acordar o torturado, e de taser (arma que dá choques). Ele disse que, em seguida, recebeu ordens para pegar uma capa de moto. Segundo as investigações, o corpo de Amarildo teria sido envolvido em uma capa de moto a fim de ser retirado do local.

O PM relata ter visto, antes do fim de seu turno, cinco pessoas se dirigindo para a mata próxima da base da UPP com a capa de moto. O ex-comandante da UPP major Edson Santos também foi visto seguindo em direção à base.

No dia seguinte à tortura, Jardim recebeu ordens do tenente Medeiros para limpar a mesma capa. No contêiner, ele encontrou um balde de água e sangue no chão e em uma mesa branca. Mais tarde, ele acabou se desfazendo da mesa.

Após a sessão de tortura, Jardim disse ter visto duas soldadas em "crise de pânico". O PM relatou também ter recebido ameaças por redes sociais, mas negou que tenha sido coagido pelos acusados.

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