A Polícia Civil já ouviu cinco dos 12 policiais militares envolvidos no tiroteio que terminou com a morte de Kathlen Romeu, de 24 anos, no Complexo do Lins, zona norte do Rio. Na tarde da última terça-feira (8), a jovem grávida foi atingida com um tiro de fuzil no tórax. Em um dos depoimentos, um cabo da PM afirmou não ter visto a vítima durante o confronto na região conhecida como Beco 14.
De acordo com a declaração de um dos policiais, obtida pela Record TV Rio, havia mais de uma equipe da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Lins no momento do confronto. Por volta das 14h10 daquele dia, ele e mais três agentes encontram quatro suspeitos próximo à boca de fumo da comunidade Barão Vermelho e foram recebidos com tiros.
Ainda de acordo com o depoimento, os policiais reagiram e o declarante informou que disparou cinco vezes contra o bando, além de mais dois tiros terem sido disparados por um colega. Ele disse também que conseguiu identificar dois dos quatro criminosos como "Trem" e "Piruquinha". O primeiro estaria de camisa vermelha e armado com fuzil.
Os bandidos fugiram e atiraram para trás. E, após o confronto, a equipe ouviu uma "gritaria" e encontrou Kathlen Romeu ferida. Eles a socorreram até o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas ela já chegou morta à unidade de saúde, como informado pela Secretaria Municipal de Saúde.
Contradições
Inicialmente, a Polícia Militar disse que a jovem teria sido atingida por um tiro de pistola durante o confronto. Apesar da versão apontada pelo policial, a delegacia de Homicídios da Capital, responsável pelas investigações, disse que os PMs recolheram a munição do local do crime.
Mesmo com a informação, a Polícia Militar disse, em nota, que preservou o local e acionou a perícia.
A bala não ficou alojada no corpo de Kathlen, conforme apontou o laudo do Instituto Médico Legal. No entanto, a Polícia Civil já recolheu as 21 armas dos policiais para confronto balístico: 10 fuzis calibre 7.62, dois fuzis calibre 5.56 e nove pistolas .40.
A vó de Kathlen Romeu contou que pedia para a neta não visitá-la na comunidade por causa da violência. Ela estava com a jovem, grávida de 14 semanas, no momento em que foi atingida.
"Nós estávamos andando na rua, quando de repente veio barulho de tiro. Eles vinham da Vila São José, quando olhei, correria. A minha neta, quando eu vi já caindo, achei que ela tinha se jogado para se proteger, me joguei em cima dela. Quando me joguei em cima dela, que ela caiu de bruços, vi o buraco nela", disse Sayonara de Fatima, em entrevista à Record TV Rio.
Pelas redes sociais, o companheiro de Kathlen, Marcelo Ramos, disse que foi informado que PMs estariam "tentando mudar os fatos". "Eles [policiais] são os culpados, culpado tem nome: é esse Estado, essa polícia despreparada. Há um mês teve a chacina no Jacarezinho, agora é a Kath, mês que vem é outra família que perde. Amanhã, é outra família que perde alguém próximo. E isso não vai acabar", afirmou Marcelo, em vídeo na rede social.
O corpo de Kathlen Romeu foi enterrado nesta quarta-feira (9). A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o caso.
*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa