O motorista do caminhão que provocou a queda de uma passarela na linha Amarela atribuiu o levantamento da caçamba a um problema mecânico. O resultado da perícia no veículo deve sair em dez dias. Luiz Fernando da Costa, que prestou depoimento à polícia nesta quarta (29) em um hospital particular de Duque de Caxias (Baixada Fluminense), voltou a afirmar que desconhecia o fato de a caçamba estar em pé enquanto dirigia na linha Amarela, sentido centro. O veículo se chocou contra a passarela, que desabou na via. Cinco pessoas morreram e quatro ficaram feridas. Câmeras de monitoramento da linha Amarela mostraram que o caminhão entrou na via com a caçamba abaixada e, pouco tempo depois, o compartimento começou a se levantar. A batida na passarela aconteceu na altura de Del Castilho, na zona norte do Rio. De acordo com Luiz Fernando, o caminhão teve um problema mecânico na caixa de marcha na semana passada. O veículo passou por conserto e, na última segunda-feira (27), foi usado por outro motorista da empresa. Esse condutor deve ser ouvido pela polícia. O delegado Fábio Asty, da 44ª DP (Inhaúma), também quer ouvir o chefe da mecânica e o gerente de operações da empresa Arco da Aliança. Em depoimento nesta quarta, Luiz Fernando admitiu que falava ao celular pouco antes do acidente. Ele disse que usou o telefone para se comunicar com um colega da firma, também motorista. A ligação teve início no momento em que o veículo entrou na linha Amarela e durou até a hora do acidente, disse o delegado. O telefone celular foi apreendido e passará por perícia a fim de que a conversa seja comprovada. Luiz Fernando contou à polícia que falava com o colega, que também prestará depoimento à polícia, sobre o desaparecimento do filho desse motorista. Segundo Asty, falar ao celular caracteriza negligência e pode agravar a pena. Entretanto, o delegado ainda não definiu por qual crime Luiz Fernando será indiciado. Asty disse que a principal hipótese é homicídio culposo (sem intenção) — pena de dois a quatro anos de prisão — e lesão corporal culposa — de seis meses a dois anos. Entretanto, a polícia não descarta que a caçamba possa ter sido acionada propositalmente, o que deve ser verificado após o resultado da perícia. Se isso for comprovado, o motorista responderá por cinco homicídios com dolo eventual. A polícia investiga se Luiz Fernando Costa, que sofreu ruptura no fígado, trauma no abdome e uma possível lesão vascular, tinha conhecimento de que circulava com a caçamba suspensa. Um motorista de ônibus, testemunha do acidente, contou à polícia, em depoimento, que tentou emparelhar com o caminhão para alertar sobre o problema, mas não conseguiu. Antônio Carlos da Silva chegou a buzinar para alertar Luiz Fernando sobre o levantamento da caçamba. Os corpos de quatro vítimas foram enterrados no começo da tarde desta quarta-feira (29). Uma quinta vítima, Luiz Carlos Guimarães, morreu na manhã desta quarta, após quase um dia internado. *Colaborou PH Rosa, do R7 Rio